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segunda-feira, 26 de outubro de 2015

MATTHEW SHIPP TRIO – TO DUKE (RogueArt)

Matthew Shipp tem lidado com standards antes. O trovejante e iconoclástico pianista tem por anos triturado músicas como “Autumn Leaves”, “Summertime” e “Tenderly”, bem como algumas das canções de Duke Ellington, agitando-as conforme suas próprias convenções dinâmicas. Agora ele devotou um álbum inteiro ao maior compositor de jazz. Realizado com o baixista Michael Bisio e o baterista Whit Dickey, “To Duke” apresenta sete das conhecidas canções de Duke Ellington (e escrita com o parceiro Billy Strayhorn), com poucos toques originais.

Nas mãos agitadas de Shipp, estas canções são igualmente reconhecíveis como dele, também. Shipp tem um dos estilos mais peculiares dentre qualquer pianista que já tocou um teclado –seu fraseado e ideias harmônicas a sua preferência por  acordes e registros mais baixos—e tudo isto se apresenta aqui. “Satin Doll” é uma das mais belas canções de Ellington/Strayhorn, mas Shipp a torna agressiva e violenta, com circularidade, acordes contrapontísticos, servindo como réplicas à feliz melodia. “Take the ‘A’ Train” inicia mais como Ellington a tocava — com aquela frase familiar e cristalina— mas o frenético puxar das cordas de Bisio e galope de Dickey, toque de bateria antirrítmica rapidamente assume o serviço. Shipp desentranha o miasma, tecendo fragmentos de melodia entre acordes rimbombantes e balançantes sucessão plenas e rápidas de notas.

“Solitude”, do mesmo modo, alterna entre passagens melódicas e  tangentes agourentas. O trio dá a  “Mood Indigo” um tratamento quase reverencial—Shipp e Bisio estão em modo balada— mas Dickey está deliberadamente  em vantagem com eles , tocando mais rápido e sem consideração com o tempo. Mesmo assim, a música quase suinga. “I Got It Bad and That Ain’t Good” é um número completamente irreconhecível.  São cinco minutos de solo de baixo que retira mais de Charles Mingus do que de Ellington— contém, de fato, uma extensa citação de “Haitian Fight Song”  —mas é, entretanto,  muito interessante, como o resto de “ To Duke”.

Faixas: Prelude To Duke; In A Sentimental Mood; Satin Doll; I Got It Bad And That Ain’t Good; Take The A Train; Mood Indigo; Dickey Duke; Tone Poem For Duke; Prelude To A Kiss; Sparks; Solitude.


Fonte : Steve Greenlee (JazzTimes)

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