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domingo, 1 de novembro de 2015

BRAD MEHLDAU - 10 ANOS SOLO LIVE

É interessante como a performance de piano solo mantém um especial e privilegiado local no jazz. O que é mesmo mais interessante é como artistas têm buscado renovar este formato ao longo do tempo. Juntamente, eles têm expandido a linguagem da música improvisada, explorando os recentes caminhos de desenvolvimentos de temáticas. Uma vida inteira pode ser gasta no entendimento de como um simples instrumento como o piano pode ser reutilizado e replanejado  em vários contextos diferentes em um simples gênero conhecido como jazz. No mundo do jazz, há uma constante luta de cada músico esculpir o seu próprio estilo em seu nicho instrumental, algo que os distinguiria dos outros. Alguns nasceram para a magnificência e têm inata dádiva, alguns trabalham duro para conquistá-la  e outros nunca a alcançam.

O pianista Brad Mehldau claramente pertence ao primeiro grupo de artistas. Mehldau é um artista de amplo horizonte de interesses e gostos, bem como enigmáticos critérios. Nenhum pianista contemporâneo se estabeleceu brilhantemente através de uma extraordinária identidade distinta como ele. Claramente influenciado por alguém como o pianista Fred Hersch, alguém com gosto liberal para a música e que tem optado mais pelo impacto emocional  do que pelo seco virtuosismo , o mundo de Brad Mehldau é pleno de exploração e esforços expansivos que o tem encontrado em trabalho com várias formações dentro do espectro do  jazz  e além dele. Iniciando a partir de “Elegyac Cycle, (Warner Bros, 1999)” um trabalho solo conceitual, este formato, por ser um dos mais arriscados, é que ele tem alcançado a excelência, junto com seu afamado trio com o qual ele frequentemente atua . Mais e mais, ele emerge como um instrumentista com virtuosismo estonteante e habilidade arrojada para explorar  avançados limites de improvisação.

Selecionado de performances de piano solo ocorridas em várias cidades da Europa no período de 10 anos e distribuído em 4 CDs ou 8 vinis, “10 Years Solo Live” do pianista Brad Mehldau é um empreendimento resistente. Conceitualmente  dividido em  4 grupos ou divisões , "Dark/Light", "The Concert", "Intermezo/Ruckblick" e  "E Minor/E Major", estes trabalhos revelam as amplas preferências e suas habilidades como instrumentista e intérprete. Seu mundo musical é um mundo onde há uma rica confluência de história do jazz, clássico e música popular entrelaçadas juntas e  publicada em um modo único e contemporâneo. Deste modo, as canções e composições em cada grupo formam uma suíte que segue sus própria lógica interior

Jazz tem sempre sido música que foi energizada por tensões entre tradição e inovação, causando debates acalorados e inspirando alguma música assombrosa ao longo do caminho. A maioria das músicas escolhidas são  obviamente do repertório clássico do jazz e é uma mistura de originais e uma pletora de outro material. É interessante como os instintos de Mehldau são instruídos não só pelo jazz e música clássica, mas pelo pop e rock alternativo, encontrando  inspiração de vastos ângulos da música popular moderna. Obviamente, ele é um homem de muitas assinaturas, todas escritas em tintas que desaparecem. As escolhas de Mehldau de incluir modernas maravilhas tais como bandas independentes da Verve,  "Bittersweet Symphony", "Hey You,"  de Pink Floyd,  "Teardrop,"  do Massive Attack  ou "Smell Like Teen Spirit"  do Nirvana para nomear poucas faixas do seu vasto repertório.

O resultado é atrativo tanto quanto Mehldau , exitosamente, embaralha as linhas, fazendo desta música algo unicamente seu. Ele imerge bastante nesta música valorizando a assombrosa técnica como meio para atingir o fim, enquanto apresentando intangíveis e misteriosas recompensas e  proezas. É quase como se ele estivesse escrito esta música e à sua maneira. Conceitualmente, independente  da fonte , a música que emana explode, faz bater os pés, executa piruetas,  impactos, propulsões e sedução. Também estão presentes interpretações,  igualmente criativas da música do pianista Thelonious Monk, do compositor clássico Johannes Brahms, do saxofonista John Coltrane, do cantor e compositor Brian Wilson ou do grupo Radiohead.

Com duração em torno de 300 minutos, é obvio que as seleções são cuidadosamente escolhidas. O que é evidente é que Mehldau está completamente imerso na paisagem emocional que estas canções oferecem. Ele é um improvisador  insinuante, galhofeiro, elegante e erudito. Ele dá ênfase em conteúdo mais emocional  em vez do virtuosismo seco ou artificial. Cada faixa é um mundo em si e Mehldau habilmente exibe sua destreza. Isto resultaria em prolixas improvisações e reconstruções. Por exemplo,  "And I Love Her" dos Beatles e "Dream Brother" de Jeff Buckley são originalmente canções pop de 3 a 5 minutos e quando elas são interpretadas por Mehldau , elegantemente desdobram-se dentro de faixas de 13 a 16 minutos.

O modo como ele interpreta e amplia estas canções frequentemente assemelha-se em uma representação aural de complexos mecanismos. Ele tem uma capacidade fenomenal de tocar música complicada com clareza assombrosa e  vivacidade. Atualmente, seu processo criativo parece com uma corrente musical de percepção. Apesar de Mehldau permanecer fiel à essência inata dos originais destas canções. Ele dá indicação de ser uma mente em atividade, não apenas com fugaz par de mãos. Suas mãos estão em constante movimento com seus ataques nas teclas fluindo como regatos em um rio forte. Sua abordagem provoca uma riqueza de ideias e a pintura maior é mantida à vista. Sua técnica realmente permite esquecer inteiramente a própria técnica e as canções brilham com invenção neste trabalho. Frequentemente ele exibe graça e elegância  quando ele toma as melodias em territórios não planejados.

“10 Years Solo Live” não se sente como uma compilação de performances selecionadas postas juntas, mas um repertório completo que flui dentro de um completo conjunto. Algumas  destas sentem-se como um fluxo livre de trabalhos simples. É uma bela caixa de trabalho de um artista singular que continuamente exibe o que o piano pode fazer.

Faixas: DARK/LIGHT Dream Brother; Blackbird; Jigsaw Falling into Place; Meditation I – Lord Watch Over Me; And I Love Her; My Favorite Things; This Here; THE CONCERT Smells Like Teen Spirit; Waltz for J. B. ; Get Happy; I’m Old Fashioned; Teardrop; Meditation II – Love Meditation; Holland; Knives Out; INTERMEZZO/RÜCKBLICK Lost Chords; Countdown; On the Street Where You Live; Think of One; Zingaro/Paris; John Boy; Intermezzo in B-flat major, Op. 76: No. 4; Junk; Los Angeles II; Monk’s Mood; Knives Out; E MINOR/E MAJOR La Mémoire et la Mer; Hey You; Bittersweet Symphony/Waterloo Sunset; Intermezzo in E minor, Op. 119: No. 2; Interstate Love Song; God Only Knows

Gravadora: Nonesuch Records

Estilo:  Jazz Moderno

Fonte : NENAD GEORGIEVSKI (AllAboutJazz)


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