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domingo, 13 de dezembro de 2015

CHARLES LLOYD – MANHATTAN STORIES

Na maioria dos casos, o folclore de um acontecimento é mais forte que o evento atual.  O credo “mais velho eu sou, melhor eu fico” aplica-se mais ao passado lembrado.  Não apenas a única gravação documentada do quarteto de Charles Lloyd composto pelo guitarrista Gabor Szabo, pelo baixista Ron Carter e pelo baterista Pete La Roca.

Lloyd que, em 1965, tinha deixado sua atuação como diretor musical de Chico Hamilton e a banda de Cannonball Adderley, uniu-se a Szabó (que atuava com Hamilton) e formou seu quarteto. Ele gravaria, breve,  “ Of Course, Of Course (Columbia, 1968)” com  Tony Williams substituindo Sims. Gábor Szabó assumiu o papel de líder, Carter permaneceu com o quinteto de Miles Davis e  Sims veio a ser o baterista escolhido para muitas sessões da  Blue Note. O quarteto de Lloyd forjado dentro da lendária unidade de Keith Jarrett, Cecil McBee, e Jack DeJohnette, dando-nos os clássicos discos lançados pela Atlantic , “Dream Weaver (1966)”, “The Flowering (1966)”, “In Europe (1966)” e “Forest Flower (1968)”.

Este quarteto de vida curta, e até agora não ouvido, foi totalmente encontrado. Lloyd estava confrontando o peso inovador dos saxofones de John Coltrane e Sonny Rollins e forjando seu próprio caminho. As duas gravações ao vivo ouvidas aqui são bastante diferentes. O disco um foi gravado no imaculado ambiente do Judson Hall  pelo então estudioso da Columbia (agora líder da Resonance Records) George Klabin.  A segunda sessão foi feita na tosca e confusa cercania da The East Village no  Slugs Saloon.

Cada disco apresenta três faixas, nenhuma menor que 12 minutos. Isto possibilita aos músicos se espalharem, ainda que cada faixa se mantenha  consistente. "Sweet Georgia Bright" inicia o trabalho em The Judson Hall  não com "Sweet Georgia Brown" , mas com improvisada tomada de "Bright Mississippi" de Thelonious Monk por parte de Lloyd. A joia aqui, entretanto, é  "How Can I Tell You", seu tributo a Billie Holiday. Lloyd começa com o som do blues de Coltrane para construir um irresistível e eloquente solo de elegância  devastadora.

O trabalho no  Slugs Saloon  inicia com um blues espontâneo, "Slug's Blues". É dissonante, prazeroso, suarento, música elaborada.  O baixo de Ron Carter estabelece-se como um pilar para o bombardeio de  LaRoca e arremessos de Lloyd . Ouvidos  nos dois trabalhos está a peça de Szabó, "Lady Gabor". Uma espécie de blues raga. O som magnetizante envolve as raízes do guitarrista húngaro com sua paixão por música cigana, asiática e hindú. Lloyd complementa com um completo raio de ação que ele lisonjeia a partir de sua flauta. A versão de “Slug” vem com aridez e sons da caixa registadora e das pessoas aglomeradas. Um  ajuntamento muito feliz.

Faixas: CD1: Sweet Georgia Bright; How Can I Tell You; Lady Gabor; CD2: Slugs’ Blues; Lady Gabor; Dream Weaver.

Músicos: Charles Lloyd: saxofone tenor , flauta; Gábor Szabó: guitarra; Ron Carter: baixo; Pete La Roca: bateria.

Gravadora: Resonance Records

Estilo: Jazz Moderno


Fonte : MARK CORROTO (AllAboutJazz) 

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