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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

COISA FINA (Selo Sesc)

Inspirados na escrita depurada e seminal do maestro pernambucano Moacir Santos (1926-2006), o saxofonista Daniel Nogueira e o baixista Vinicius Pereira montaram, em 2005, uma big band para difundir sua obra. Nascia o projeto Coisa Fina (cujo nome foi encurtado no novo CD), em plena cena paulistana do Movimento Elefantes, ao lado de outros coletivos tangidos por instrumentos de sopro, como as bandas Urbana , Savana, Jazzco e Da Santa, o Projeto Meretrio, a Orquestra HB e o Grupo Comboio. Em 2010, o Coisa Fina lançava o CD Homenagem ao Maestro Moacir Santos, com nove releituras de composições do homenageado, também um exímio arranjador, saxofonista e professor de artífices da bossa nova como Roberto Menescal, Sérgio Ricardo, Baden Powell, Nara Leão e Sérgio Mendes.

Apenas a última faixa do novo disco é de Moacir, Amalgamation, valsa descompassada sob sopros adejando. “Nela, a base nunca estabelece um padrão comum, está sempre em movimento, alterando e enriquecendo a melodia e os contracantos”, elogia o pianista Benjamim Taubakin no encarte. Outras assinaturas consagradas povoam o roteiro, como a do chorão Jacob do Bandolim, cujo assanhado, de 1961, crivado de meneios rítmicos, convida a um baile de gafieira. Temerária escolha pelas regravações em catadupa, Asa Branca (Luiz Gonzaga /Humberto Teixeira), renasce em modo menor com intensa alternância de climas e espaços franqueados a improvisos. De Theo de Barros e Paulo César Pinheiro, Angola requebra entre África e o Caribe. Ancorada num ostinato de baixo e piano, Alforria (Henrique Band) não cessa de fomentar inesperadas combinações de timbres, tal como o baião Fulô do Araçá (Marcelo Vítor), na encruzilhada entre o agreste e o urbano. Coisas refinadas.


Fonte : CartaCapital (Tárik de Souza)

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