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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

CHARLES LLOYD – ARROWS INTO INFINITY (ECM)

A vida do saxofonista Charles Lloyd tem sido uma impetuosa, complexa e quase mítica jornada— em torno do globo e espiritualmente falando— como evidenciado pelo novo documentário “Arrows Into Infinity”, lançado agora em Blu-ray e DVD. Criado pela esposa de Lloyd, a pintora/cineasta Dorothy Darr  e o cineasta  Jeffery Morse, o filme não retira vigor, explorando profundamente a carreira de um dos mais respeitados artistas da música improvisada. É um prazer ver e ouvir Charles falar sobre sua formação em Memphis, seu amor por Charlie Parker, seu trabalho com todo mundo de Howlin’ Wolf a Chico Hamilton a Cannonball Adderley, seu convite para se apresentar na União Soviética, seu retiro em Big Sur para fugir do negócio da música e sua explanação porque retornou. Lloyd é mestre em contar estórias—inteligente, como um xamã, e criterioso. Ele discorre sobre sua primeira noite em Nova York nos anos 1950, e indo para o Birdland para assistir seu amigo de curso secundário, o trompetista Booker Little: “A primeira coisa que saiu da sua boca foi, ‘Onde você está?’ .Booker estava trabalhando no Birdland naquela noite e eu disse, ‘Eu estou no outro lado da  rua no Alvin [Hotel].’ Booker disse, ‘Não, você não está . Pegue suas coisas. Você ficará comigo’. Ele falou comigo por longas horas durante a noite, uma espécie de sintonização para mim, porque eu estava pronto para pular na pista rápida. Eu estou em Nova York , homem. E ele disse, ‘Não é sobre isto. É sobre caráter’. E ele tinha 22 anos. Ele se foi um ano depois . Ele possuía  uma alma realizada”. Outras vozes no filme adicionam profundidade e ajudam a examinar  o extenso encanto de Lloyd e sua visão musical. Herbie Hancock amorosamente relembra o período de uma semana com Lloyd suplementando um jovem pianista chamado  Keith Jarrett. Jack DeJohnette pinta um belo quadro , que acerta em cheio na canção “Sombrero Sam” , bem como no caótico universo da vida e arte durante os anos 60 do século passado. Os artistas de rock  Robbie Robertson da The Band e John Densmore do The Doors dão um senso de como a arte de Lloyd cruzou com o mais amplo mundo da música popular. Há uma cena tocante na qual os velhos amigos, Lloyd e Ornette Coleman, divertem-se na piscina. Há muito do que se desfrutar neste filme. Para os antigos fãs que amam a música de Lloyd,  “Arrows Into Infinity” adicionará outro nível àquele amor. Ele não é apenas um músico. Ele é um artista— e um papel modelo. No fim do filme, o saxofonista faz uma declaração que dá o senso do que ele aprendeu: “ Para viver sua vida com criatividade não é assim tão fácil. E ainda, quando você integra uma comunidade de pessoas que está disposta  a seguir adiante com o navio...cara. Os ventos da beleza estão sempre soprando. Nós devemos colocar nossas velas em ponto elevado” . Isto estabelece como este filme é poderoso.


Fonte : FRANK ALKYER (JazzTimes)

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