Os álbuns de tributo a Thelonious Monk não são, certamente,
nada novo no mundo do jazz. No
início de 1961, Eddie "Lockjaw" Davis e Johnny Griffin gravaram “Lookin' at Monk” e o pianista
Bud Powell gravou “Portrait of Thelonious”. Enquanto sua carreira seguia
robusta, a importância de Monk como compositor e influência em outros músicos
de jazz já era clara. Atualmente, o
status lendário de Monk como uma das mais importantes figuras do jazz é ainda
evidente. Tão longe quanto eu alcanço, não há uma data fixa para determinar o
fato, mas poucos artistas de jazz sustentariam a reivindicação de que Monk é
provavelmente o compositor de jazz mais interpretado de todos os tempos.
Neste mais recente lançamento, “Spherical”, o saxofonista
Tim Warfield maneja a música escrita e inspirada por Monk. Com sete lançamentos
anteriores pela gravadora Criss Cross
e múltiplas aparições como acompanhante, Warfield retorna ao selo com um grupo
de artistas conhecidos para a sua dedicação a Thelonious Sphere Monk. Unindo-se
a Warfield , neste álbum, está o lendário trompetista Eddie Henderson, fazendo
sua primeira aparição neste selo desde 1998. Ben Wolfe e Clarence Penn assumem
o baixo e a bateria, respectivamente. A escolha do pianista é ,obviamente, algo
importante neste trabalho dedicado a Monk, e Warfield não poderia ter preenchido a
posição com melhor escolha do que Orrin Evans. Sem mesmo soar como Monk, ele
está tentando diretamente emular Monk, Evans sintoniza o espírito e o humor
deste toque peculiar.
O álbum inicia com o lento e suingante blues de Monk, "Bluehawk". Evans inicia o solo com
um sucinto, mas característico solo que se centra em torno de saltos de intervalos e
melodias deslocadas e entortadas. Warfield segue por um
solo igualmente interessante, criando um
som agradável dentro de sua encorpação, o som do tenor à la Coltrane e o
estabelecimento abstrato da melodia conforme Monk. Penn mantem a banda reunida ,
sustentando no topo a linha do firme balanço de Wolfe, enquanto também segura
um diálogo constante com os solistas.
A segunda faixa, "Oska T", é também fora do comum , com a banda martelando Monk sem ornamentos, mas com memorável melodia.
Aqui Henderson assume o primeiro solo e brilha intensamente com profusão de divertidas interações com Evans. A banda apresenta duas tomadas do
clássico de Monk, "Off Minor" , que se move livremente em diferentes
e variadas direções após o vigoroso estabelecimento da melodia . A segunda
tomada repousa em um sentimento que
quase sintoniza o clássico do quarteto de Coltrane durante o intenso solo de Warfield.
Warfield passa para o soprano par um delicado retrabalho de "Ugly
Beauty" , no qual a banda seu comedimento e lirismo. Também , no lado
delicado das coisas, no encerramento do álbum, uma leitura fidedigna de "Round Midnight" que possibilita
a Warfield a assunção dos holofotes com sua emoção, entonação robusta e vibrato intimista.
Embora a ideia não seja nada nova, a abordagem e o
tratamento deste tributo a Monk é excepcional. Warfield e companhia fazem as
clássicas composições parecerem suas e
retiram inspiração e atitude da
mentalidade de Monk. Eles enfocam a música com um senso de ousadia e diversão
que atrai o ouvinte e o mantém atento. Fãs de Monk não ficarão desapontados,
nem os fãs de quaisquer membro desta
banda.
Faixas:
Blue Hawk; Oska T; That Old Man; Gallop's Gallop; Off Minor I; Ugly Beauty;
Coming on the Hudson; Off Minor II; 'Round Midnight
Músicos : Tim
Warfield: saxes tenor e soprano; Eddie Henderson: trompete; Orrin Evans: piano;
Ben Wolfe: baixo; Clarence Penn: bateria.
Gravadora:
Criss Cross
Fonte :
ANDREW LUHN (AllAboutJazz)
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