Dizer que um artista está “desafiando a si mesmo” é um
cliché desgastado, assim é fácil notar que o guitarrista-compositor Joel
Harrison exibe incomum curiosidade e persistência para diferentes maneiras de
fazer sua música bela e visceral. Em “Leave the Door Open”, Harrison avança com
o espírito similar de Anupam Shobhakar no projeto que entrelaça clássico, pop e
modos improvisacionais das perspectivas norte-americana e indiana. Em "Mother Stump", a guitarra Harrison
resplandece uma trilha de volta através das raízes de suas décadas formativas
em Washington D.C. durante os anos 1960 e 70. Nós submetemos seu terceiro
lançamento em 2014 com um trompetista vietnamita, um oboeísta eletrônico e o
baterista Brian Blade.
Não é frequente que a “world music fusion” seja soletrada
mais explicitamente ou desfrutavelmente que em um programa de nove canções como
em “Leave the Door Open”. Shobhakar toca o sarode,
o mais profundo, mais ressonante primo da cítara na música indiana. É instrutivo ouví-lo no manejo junto com um
quarteto de jazz (Harrison, tecladista Gary Versace, baixista Hans Glawischnig e
baterista Dan Weiss) em uma interpretação fantasmagórica de “Spoonful” de Willie
Dixon com Versace dando pancadinhas no órgão. Em outra parte há uma delicada
música de câmara, mais sinuosa que um blues-jazz,
e um par de canções muito diferentes, apresentando vocalistas indianos
clássicos —uma espécie de suíte “Multiplicity” com vários níveis de intensidade
incrementados por Shobhakar, Chandrashekar Vase na voz e Weiss na bateria e tabla
e a tradicional balada bengali “Kemne Avul”, ancorada pela melancolia
sussurrante de Bonnie Chakraborty. E não se omita “Turning World”, que usa a
mesma frase musical para saltar entre um balanço orientado pelo bluegrass e uma raga alvoroçada indiana.
"Mother Stump",
outra vez, é algo diferente. Inicia com um tradicional spiritual mais notavelmente interpretado por Blind Willie Johnson, intitulado
“John the Revelator”. Exceto que Harrison opta por estrondar na guitarra com
alguns floreios a la Hendrix, acompanhado por batidas heavy-metal do baixista Michael Bates e do baterista Jeremy “Bean”
Clemons. Então nós adentramos soltos na turbinação de Clemons na interpretação
de “Folk Song for Rosie” de Paul Motian (em outro aceno a Hendrix, sua
posterior reprise é referenciada como “um leve retorno”). Harrison decana seu Bill
Frisell interior em uma interpretação de “Wide River to Cross” de Buddy Miller
e aproxima-se de um funk profundo no blues lento em “I Love You More Than
You’ll Ever Know” de Al Kooper com Glenn Patscha no papel de Kooper no órgão. O
restante do Mother Stump coloca mais
presentes na cesta com “Suzanne” de Leonard Cohen a “Dance With My Father” de Luther
Vandross, passando por “Stratusphunk” de
George Russell e a inédita de Harrison intitulada “Do You Remember Big Mama
Thornton?”, Se você lembra de Thornton— ela deveria ser a canção definitiva de “Hound
Dog” posteriormente apropriada por Elvis—e
mais particularmente conhece Danny Gatton, o eclético guitarrista D.C. , a legenda reverenciada por Harrison em
seu desenvolvimento, então "Mother Stump"
faria um bom enxerto em sua árvore genealógica musical.
Fonte : Britt Robson (JazzTimes)
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