Após projetos envolvendo a música da Índia (Samwaad ), em 2004, África do Sul (Milágrimas), em 2005, e Marrocos (Al Qantara), em 2013, o pianista
Benjamim Taubakin cruza novas fronteiras estéticas ao aliar-se ao grupo coreano
Jeong Ga Ak Hoe, no Co-Bra Project. Ele
descobriu a música tradicional coreana, desenvolvida durante 2 mil anos no
período dos Três Reinos (Goguryeo, Baekjae e Silla) em cultos religiosos e
eventos reais, no documentário australiano Intangible
Asset 82, no Festival de Cinema de SP, em 2008. Em 2011, participou de uma
residência artística no sul da Coreia. ” No ano passado, comecei a colaborar
com o Jeong Ga Ak Hoe quando eles vieram ao Brasil. Fomos à Coreia e desse
encontro nasceu o Co-Bra”, detalhou
na apresentação. Formado em 2000, o JGAH procura integrar a música tradicional
coreana, julpungnyu, à modernidade e outras culturas.
Ao lado de Ricardo Herz (violino) e Ari Colares (percussão),
Taubkin embrenha-se na travessia de timbres, intercambiados com instrumentos de
cordas, sopro e percussão orientais, como gayageum , piri, haegeum e janggu, e
mais as cantoras Narae Lee (pansori) e
Heeeim Wang (folk). Há duas peças coreanas, lyaong,
próxima da toada, e Aliover 4, com
eventuais passagens de pontuação binária, lembrando o baião. A fusão da lírica Ponta de Areia, de Milton Nascimento,
com Long Arirang deságua numa
inesperada fluência nas desigualdades. Também de Milton, Vera Cruz, voeja entre dois hemisférios, com espaços para
improvisos, afluentes no coco O Canto da
Ema, de João do Vale e parceiros. Nos mais de 12 minutos de digressões em
torno do afro-samba Consolação, de Baden
Powell e Vinícius de Moraes, soa ainda mais nítido o encurtamento de latitudes
sonoras. É possível pairar entre o estranhamento e a sintonia.
Faixas
01 - Consolação
02 - Long arirang Ponta de Areia
03 - O canto da ema
04 - Iyaong
05 - Alio ver 4
06 - Vera Cruz
Fonte : Tárik de Souza (CartaCapital)
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