O
saxofonista tenor Noah Preminger investiga nove clássicos do blues do Delta pré-guerra
em “Dark Was The Night, Cold Was The Ground”, o segundo lançamento do seu
quarteto formado com o trompetista Jason Palmer, o baixista Kim Cass e o
baterista Ian Froman. Estes são, seriamente, velhos blues que comunicam
estórias eternas da experiência humana, um repertório de música brutalmente
honesta, que revolve a alma com sua sincera retidão. Canções dos imortais Bukka
White (cuja música foi o foco do disco anterior deste grupo, em 2015, “Pivot:
Live At The 55 Bar”), Skip James, Robert Johnson, Charley Patton e Blind Lemon
Jefferson provam ser uma tremenda fonte de inspiração para Preminger, que
perscruta as profundidades dos originais buscando antigas e universais verdades, e explorando novas
possibilidades para interpretações significativas.
Preminger e companhia tomam os lamentos lentos e santificados, melodias do sul
dos Estados Unidos que são características do blues do Delta e os ramifica com
improvisações urgentes e reconstruções com informações do jazz. Às vezes, como
em “Spoonful Blues” de Patton, Preminger e Palmer parecem sintonizados nos
espíritos de Ornette Coleman e Don Cherry, moderadamente entoando juntos uma
flutuante e harmonizada melodia em um momento, solando com absoluto abandono na
próxima—como Cass e Froman em uma firme pegada sob seu poder. O grupo vai
direto ao ponto na descoberta e revela as conexões diretas que sempre existiram,
apenas abaixo da superfície, entre a velha escola do blues e o jazz moderno. O
álbum completo ressoa como uma espécie de verdade nua, é a essência central habilmente
capturada pelo engenheiro Jimmy Katz, que tem uma aptidão para realizar um
simples sentimento “ao vivo” em gravação de estúdio. Esta é uma narração de
estória muito boa, e uma sincera interpretação particular de Preminger dada ao
repertório a faz mais intensa e atrativa. O saxofonista, que agora tem cinco álbuns
como líder, apresentando várias formações em quarteto, lançará, posteriormente,
um LP neste ano com o guitarrista Ben Monder, o baxista John Patitucci e o
baterista Billy Hart no selo Newvelle, especializado em vinyl.
Faixas:
Dark Was The Night, Cold Was The Ground; Hard Times Killin’ Floor Blues;
Trouble In Mind; I Am The Heavenly Way; Future blues; Spoonful Blues; Black
Snake Moan; Love In Vain; I Shall Not Be Moved.
Músicos:
Noah Preminger: saxofone; Jason Palmer: trompete; Kim Cass: baixo; Ian Froman: bateria.
Para
conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:
Fonte: ED
ENRIGHT (DownBeat)
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