“Brooklyn” é onde tudo começou para John Patitucci. Embora o
renomado baixista tenha inicialmente deixado sua marca na ensolarada Califórnia,
trabalhando com luminares do jazz e estabelecendo sua forte presença no cenário
dos estúdios nos anos 80, sua infância em Nova York ajudou-o a se firmar por lá.
Aquele ponto inicial serve como inspiração para este projeto, que é uma espécie
de uma peça associada a “Back In Brooklyn”, um documentário da vida de Patitucci
lançada no fim de 2015.
Para este álbum, Patitucci retornou às cenas de sua
juventude, literal e figurativamente. Ele trabalha exclusivamente, aqui, com o
baixo elétrico, que foi o instrumento com o qual ele começou; o projeto foi
gravado no The Bunker, um estúdio
localizado no Brooklyn e apresenta um número de músicas —"Trinkle
Tinkle" e "Ugly Beauty"
de Thelonious Monk e "The
Thumb" de Wes Montgomery— que serviram para introduzi-lo no jazz. Em
homenagem a estas figuras, Patitucci também acena para seu avô, o homem que
trouxe para casa uma caixa com discos de jazz descartados e, fazendo isto,
abriu um novo mundo para ele ser uma estrela do baixo no jazz. Porém, isto é
apenas como Patitucci olha para o passado. O álbum em si fixa-se firmemente no
presente, com Patitucci atuando com o super baterista Brian Blade, seu
companheiro na banda Wayne Shorter
Quartet, e um par de completamente capazes guitarristas modernos — Adam
Rogers e Steve Cardenas. Com uma banda como esta, está claro que não se está
indo para uma linha datada da memória.
“Brooklyn” inicia
com “IN9-1881/The Search", um prismático tesouro pintado com uma paleta de
sons pan-africanos. A música africana permanece o foco na faixa seguinte— ‘Dugu
Kamalemba" do vocalista malinense Oumou Sangare — mas Patitucci e
companhia troca os equipamentos para uma batida conduzida , funkeada e
comovente de "Band Of Brothers". Isto está fora do mundo de Monk, que
vem com "Trinkle Tinkle", um número que encontra Patitucci e Blade intercambiando solos, e
"Ugly Beauty" uma sobressalente e transfixiante performance com poucos traços
das idiossincrasias do compositor.
Quando o álbum
alcança seu ponto central, tendências blueseiras tocam em maior parte na
produção. "JLR" um duo de Blade-Patitucci em "The Thumb" e
um profundo sentimento de "Go Down
Moses" fala tudo da capacidade do grupo em aprofundar o blues na forma, linguagem
ou espírito. E então há números que vão em outras direções : "Do
You?" é uma peça cintilante que suínga , "Bells Of Coutance" é
um episódio etéreo e "Tesori" é
um tocante trabalho solo de baixo de Patitucci para sua mulher e filho.
Embora
nenhum simples álbum possa capturar cada ângulo do toque de Patitucci, “Brooklyn”
maneja para fazer brilhar uma luz em seu multifacetado trabalho no baixo
elétrico, melhor que qualquer coisa em sua discografia como líder. Esta música
é eletrificada de várias maneiras.
Faixas:
IN9-1881/The Search; Dugu Kamalemba; Band Of Borthers; Trinkle Tinkle; Ugly
Beauty; JLR; Do You?; Bells Of Coutance; The Thumb; Go Down Moses; Tesori.
Músicos: John Patitucci: baixo elétrico; Adam Rogers: guitarra;
Steve Cardenas: guitarra; Brian Blade: bateria.
Fonte: Dan
Bilawsky (AllAboutJazz)
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