
Formado em composição de jazz na escola Berklee, em Boston,
nos EUA, Lourenço evoca Ellington em entrevista ao historiador Zuza Homem de
Mello, no texto de apresentação. “Cada instrumento não atua só como suporte
para a melodia principal, tem identidade melódica própria”. E transpira Moacir
Santos logo no contraplano de sopros e percussão da faixa Imã.
Esgrimindo a harmonia como “um tecido de diversas melodias”,
ao evitar a habitual exposição do tema seguida de solos, Lourenço erige módulos
semoventes (Sombrero) ou cerze nas
cordas universos de naipes paralelos (Ozu
). No seu painel de influências do jazz também cintilam o muralista Gil Evans,
eleito de Miles Davis, e “ o desenvolvimento de tensão, a topografia do
arranjo”, do saxofonista Wayne Shorter.
Mas, sobretudo, sua sintaxe apoia-se nos ritmos do candomblé,
aguerê, barravento, vassi, opanijé (Interlúdio),
lições do baiano Letieres Leite, da Orkestra Rumpilezz. Do confronto de
tessituras do elucidativo O Avesso das
Coisas, a alternância de climas conduzida pelos líricos arabescos do
guitarrista em Pontieva, assolada por
rufos de bateria, o disco de Lourenço
não se exaure na linearidade. Abre-se a novas interpretações a cada audição.
Faixas
1. Abertura (O Avesso das Coisas)
2. Ozu
3. O Mais Profundo é a Pele
4. Interlúdio 1 (Opanijé)
5. Imã
6. Pontieva
7. Birjand
8. Interlúdio 2 (Supernova)
9. Punjab
10. Sombrero
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
a seguir:
Fonte: Tárik de Souza (CartaCapital)
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