Muito tem sido dito e escrito sobre a resiliência das
pessoas, cultura e espírito de New Orleans, mas a música que continua vindo de
lá confirma que a autenticidade é melhor que qualquer discurso ou ensaio. Para
a estória que é uma verdadeira amostra da cidade— boa, má e ferida como tem
sido— pode só ser contada, entendida e sentida, verdadeiramente, através das
notas, balanços, paradas, cerimônias e performances de rua que emanam por lá. Os
músicos —não os políticos, oradores, conferencistas e fanfarrões—carregam a
história de NOLA (New Orleans) para frente, e isto fica claro sempre que Irvin
Mayfield coloca seu trompete nos lábios.
Se comandando as 18 peças da New Orleans Jazz Orchestra, atuando com o pianista Ellis Marsalis,
ou trabalhando com um grupo forte, Mayfield permanece comprometido em
compartilhar a herança musical de sua cidade natal. Aqui, ele reúne forças com
o incomparável e vigoroso vocal de Dee Dee Bridgewater para um fino e
envolvente programa que viaja da super alegria que rodeia a sociedade, ao
mergulho no pantanoso sul dos Estados Unidos e ao coração rítmico da cidade —Congo Square. E no ato de balançar tudo,
Bridgewater e Mayfield manobram para apresentar as melhores qualidades nesta
música —vivacidade, alma, refinamento, paixão e alegria de viver.
A combinação da blueseira e belamente impetuosa apresentação
de Bridgewater destas canções, os solos impetuosos do trompete de Mayfield e o
trabalho em obbligato, os autênticos,
balançantes e enlevados sons da New
Orleans Jazz Orchestra e as contribuições dos notáveis convidados como Dr.
John e o percussionista Bill Summers efetua uma fórmula vencedora. É impossível
não sorrir quando Dr. John inicia no piano ao estilo do Professor Longhair em "Big
Chief", quando o passeio dançante de "Treme Song/Do Whatcha
Wanna" vem e quando "New Orleans" lentamente brinca e ateia fogo
em tudo pelo caminho. Em outra parte, a percussão de Summers sacode os quadris
e movimenta os corpos, Bridgewater e Mayfield intercambiam gracejos musicais e
a banda ferve lentamente, suinga e seduz. Ao longo do trabalho, certas coisas
vêm a ser aparentes: Bridgewater é uma maravilhosa contadora de estórias, uma
intérprete inigualável e, sem dúvida, a mais fina cantora de scat em ação hoje; Mayfield utiliza seu
coração em identidade natal em sua conexão e a New Orleans Jazz Orchestra é tudo sobre autenticidade e compromisso.
“Dee Dee's Feathers” é simplesmente delicioso, capaz de divertir a fantasia do ouvinte
como só uma música de New Orleans pode fazer.
Faixas: One Fine Thing; What a Wonderful World; Big Chief;
Saint James Infirmary; Dee Dee's Feathers; New Orleans; Treme Song/Do Whatcha
Wanna; Come Sunday; Congo Square; C'est Ici Que Je T'Aime; Do You Know What It
Means; Whoopin' Blues.
Músicos: Dee Dee Bridgewater: vocal; Irvin Mayfield:
trompete, vocal; Adonis Rose: bateria; Don Vappie: guitarra, banjo; Victor
Atkins: piano; Jasen Weaver: baixo; Khari Allen Lee: saxofone alto; Rex
Gregory: saxofone alto, clarinete, flauta; Derek Douget: saxofone tenor; Edward
Petersen: saxofone tenor; Jason W. Marshall Sr.: saxofone barítono, clarinete
baixo; Bernard (Barney) Floyd: trompete; Ashlin Parker: trompete, vocal; Eric
Lucero: trompete; Leon "Chocolate" Brown: trompete, vocal; Michael
Watson: trombone, vocal; David Harris: trombone; Emily Fredrickson: trombone;
Glen David Andrews: vocal; Peter Harris: baixo; Bill Summers: percussão;
Branden Lewis: trompete (12); Dr. John: vocal.
Fonte: Dan Bilawsky (AllAboutJazz)
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