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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

JAZZ AT LINCOLN CENTER WITH WYNTON MARSALIS – THE ABYSSINIAN MASS


Contratado para compor uma peça para o 200º aniversário da Abyssinian Baptist Church  do Harlem em 2008, o diretor artístico da  Jazz at Lincoln Center respondeu com uma suíte de duas horas para 15 integrantes de uma orquestra e 70 componentes de um coral. Tomando a tradicional estrutura de um serviço batista afro-americano com sua estrutura, The Abyssinian Mass espelha as ambições litúrgicas de Bach, Mozart e Beethoven—filtrada, como você esperaria, através das sensibilidades artísticas de Louis Armstrong, Duke Ellington e Miles Davis— e adiciona uma mensagem clara de inclusão. Muitas linhas são repetidas múltiplas vezes pelo coro, mas isto é algo chave: “Todo mundo tem um lugar na Casa de Deus” (Sim, mesmo os ateus e agnósticos. Ao menos, assim se espera).

Cinco anos após o aniversário da Abyssinian, Marsalis levou seu vasto trabalho para excursionar, com a ajuda do resto da Jazz at Lincoln Center Orchestra  e do coral Le Chateau, dirigido pelo dinâmico Damien Sneed.  Estes dois CD´s e DVD foram gravados ao final da excursão, em Outubro de 2013, em um gramado na Frederick P. Rose Hall em Nova York. Os CDs apresentam a missa em toda sua solidez, enquanto o DVD captura os momentos de apogeu e mistura-os com comentários criteriosos de Marsalis e do reverendo Dr. Calvin O. Butts III da  Abyssinian, que apresenta o sermão na segunda metade da peça . No início do DVD, Marsalis menciona maliciosamente que ele primeiro tomou nota da ordem Batista como um jovem servidor na igreja aos domingos. Por que? “Porque eu sempre queria ser superior”.

É improvável que muitos ouvintes terão o mesmo sentimento sobre “The Abyssinian Mass”. Porção apreciável da música é soberba, e as performances dos instrumentistas e vocalistas são de forma similar uniformemente excelente. Entretanto, qualquer compositor trabalhando em algo tão longo e complexo seria duramente pressionado para manter a qualidade consistente ao longo do trabalho, e Marsalis não está, perdendo força e ocasionalmente deslizando para clichés conforme a peça progride.

Para ser honesto, a primeira hora, mais ou menos, é finamente menos que cintilante. Uma breve e vigorosa introdução da banda completa é seguida por uma série fascinante de chamadas e respostas entre vários vocalistas e membros da orquestra da seção de metais, acompanhada pela rica sonoridade do coro. A música gradualmente constrói em altura e intensidade até nós alcançarmos o canto litúrgico em “We Are on Our Way”. A faixa seguinte, “Invocation and Chant”, é uma joia, sua melodia balançante é cantada com impressionante melancolia pelo trombonista Vincent Gardner conforme o corro sussurra, os sopros suspiram e o baterista Ali Jackson estabelece toques deliciosamente desordenados. As linhas ondulantes e acrobáticas do saxofone que seguem através de “Gloria Patri” são maravilhas em tom menor e deve ter sido um desafio orquestrá-las.  

Os resultados são mais mesclados na segunda hora, a maioria porque muitas coisas acontecem apenas como você as esperaria. Damien Sneed passa para o Hammond organ para acompanhar o sermão de Calvin Butts. A banda toca um grupo de canções que soam quase exatamente como antigos hinos Batista. Uma peça chamada “The Glory Train” inicia e termina com uma simulação musical de uma locomotiva dando partida e, então, lentamente para. Tudo isto ajusta-se perfeitamente dentro da tradição e é executada com habilidade invejável. Porém, dado o senso de surpresa é mais do que foi fornecido antes, é desapontador ouvir Marsalis cair no convencional.

Ouvintes esperando por um grande e enriquecedor final ficarão desapontados pelo tamanho da seção de “Amen”, que toma um austero espírito neoclássico que se torna monótono e fora do lugar. Seria melhor encerrar com algo similar à penúltima “Benediction”, na qual outro trombonista da JLCO, Chris Crenshaw, assume o microfone em expressivo e poderoso padrão. Com algo estranho, de qualquer maneira observando o contexto, esta é uma gravação com inúmeros vocalistas talentosos, as duas mais memoráveis performances vocais são realizadas por instrumentistas de sopro.

Faixas - Disco 1

1 Devotional (Wynton Marsalis) 8:33

2 Call to Worship (Wynton Marsalis) 5:10

3 The Lord's Prayer (Wynton Marsalis) 4:12

4 Processional: "We Are on Our Way" (Wynton Marsalis) 7:24

5 Invocation and Chant (Wynton Marsalis) 6:28

6 Responsive Reading, Matthew 5: 3-12: The Beatitudes (Wynton Marsalis) 7:57

7 Gloria Patri (Wynton Marsalis) 5:05

8 Prayer: "Pastoral Prayer" (Wynton Marsalis) 13:04

9 Choral Response: "Through Him I've Come to See" (Wynton Marsalis) 2:20

10 Anthem: "Glory to God in the Highest" (Wynton Marsalis) 7:00

 

Faixas - Disco 2

1 Scripture: Isaiah 56: 7 (Wynton Marsalis) 2:36

2 Meditation: "Lord Have Mercy" (Wynton Marsalis) 4:58

3 Sermon: "The Unifying Power of Prayer", Pt. I: "This House Is God's House" (Wynton Marsalis) 4:16

4 Sermon: "The Unifying Power of Prayer", Pt. II: "The Power of Prayer" (Wynton Marsalis) 4:56

5 Sermon: "The Unifying Power of Prayer", Pt. III "Everyone Has a Place" (Wynton Marsalis) 3:15

6 Invitation: "Come and Join the Army" (Wynton Marsalis) 4:33

7 Offertory: The Father (Wynton Marsalis) 2:38

8 Offertory: The Son (Wynton Marsalis) 3:21

9 Offertory: (You Gotta Watch) The Holy Ghost (Wynton Marsalis) 4:44

10 Doxology (Wynton Marsalis) 3:20

11 Recessional: "The Glory Train" (Wynton Marsalis) 7:33

12 Benediction (Wynton Marsalis) 1:26

13 Amen (Wynton Marsalis) 8:19

Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:


Fonte: Mac Randall (JazzTimes)

 

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