
O escopo, aqui, é amplo e profundo, mas o que domina o tema
musical é a unidade dos opostos. A música original de Arturo O’Farrill, no
disco, trabalha para corrigir forças aparentemente contraditórias—gêneros,
ritmos e conceitos melódicos, grau de liberdade e prazeres espiritual e sensual—
permitindo a estes elementos disparatados ter uma outra convergência dentro de
conjuntos inesperados. Nas passagens e solos, vários componentes e ideias se
justapõem, solidificam-se, alargam-se em fragmentos e então emenda.
Configurações e estruturas expandem-se e dissolvem-se em reviravoltas, nunca
possibilitando que qualquer uma estabeleça completa dominância. É mais uma
verdadeira busca de algo dançante do que de ideologia.
Os manifestos do tenor de Almeida são robustos e resolutos, as
entonações vigorosas e ataques ritmicamente agressivos evidenciam resolução
granulosa e entusiasmo desimpedido. Adam O’Farrill experimenta algo mais suave
não menos resoluto, encrespado e articulado, bem assentado e entonado,
impregnando a intensidade hard-bop com
luxuriante languidez. Reuter está mais agressivo, com orientação mais fusion de lava fundida, saltitantes
explosões de notas simples e acordes declamatórios. Nos bastidores, o piano de Arturo
dança suavemente ainda que com determinação, às vezes (como na impressionista “The
Moon Follows Us Wherever We Go”) invocando fragmentos de luz em um vasto
espaço, outras vezes estruturando ritmos contrapontuais e linha melódicas,
outra vez forjando coerência de intermináveis possibilidades.
Faixas
1. Miss Stephanie 8:33
2. True That 7:18
3. The Moon Follows Us Wherever We Go 9:11
4. Circle Games 7:50
5. Maine Song 7:13
6. Compay Doug 8:47
7. Not Now, Right Now 5:06
8. In Whom I Am Well Pleased 9:29
9. V. F. S. 6:31
10. Peace 4:22
Músicos: Livio Almeida: saxofone tenor; Shawn Conley:
baixo;
Adam O’Farrill: trompete; Arturo O’Farrill : piano;Zack
O’Farrill: bateria;Travis Reuter: guitarra
Fonte: David Whiteis (JazzTimes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário