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terça-feira, 8 de novembro de 2016

LOUIS ARMSTRONG – COLUMBIA AND RCA VICTOR LIVE RECORDINGS OF LOUIS ARMSTRONG AND THE ALL STARS (Mosaic Records)



Mesmo entre os colecionadores e para quem tenciona ser, uma caixa com nove CDs não é para ouvir massivamente. É melhor fragmentá-los em segmentos constitutivos. Em “Columbia e RCA Victor Live Recordings of Louis Armstrong and the All Stars”, estes segmentos compreendem oito completos (ou completo sobreviventes) concertos, um deles inteiramente inédito, uma sessão em estúdio que foi produzida dentro do clima faixa “ao vivo”; duas extensas entrevistas e algumas bizarrices. É um bocado para processar.

Porém, produz tesouros. A maioria dos fãs conhecem o concerto do Town Hall de 17 de Maio de 1947— o retorno de Armstrong de uma orquestra suingante para a tradição do grupo pequeno, seu equivalente a Ellington at Newport. Aproximadamente 70 anos depois, permanece uma gravação indispensável. Porém, quase tão bom (melhor, em termos sonoros) é o nunca lançado anteriormente concerto do Carnegie Hall daquele Novembro, um associado ao mais famoso concerto Boston Symphony Hall. Os músicos —o trombonista Jack Teagarden, o baterista Sid Catlett e os clarinetistas Peanuts Hucko e Barney Bigard, dentre outros— é o ponto alto, e a música tem o toque da redescoberta. A não ensaiada “Big Butter and Egg Man” e “St. Louis Blues” em Town Hall junto com “Back O’ Town Blues” e “Lover” do Carnegie Hall exibem o mesmo frescor e urgência que caracterizaram a então onda encrespada do bebop. Ademais, “Back O’ Town Blues” deve ser o mais profundo blues que Armstrong já colocou na fita, e isto quer dizer alguma coisa.

Os concertos de 1947 são todos do domínio da RCA Victor; os outros foram gravados por George Avakian para a Columbia. Incluído os concertos de 1955 em Amsterdã e Milão (a junção da base principal, ao lado de uma breve sessão de estúdio que também foi incluída no álbum “Ambassador Satch”); o “Great Chicago Concert” de Junho de 1956; a performance de Julho de Newport (parcialmente lançada no álbum que também apresentou Eddie Condon) e o ensaio no Lewisohn Stadium e concerto (a base para “Satchmo the Great” e show de 1958 em Newport que foi  selecionado no filme Jazz on a Summer’s Day), mais algumas faixas órfãs de várias outras paradas das excursões.

As coisas foram diferentes então. O All Stars revezou-se de forma competente, mas como menos músicos como o trombonista Trummy Young e o clarinetista Edmond Hall. A música assentou-se em um padrão. Quase todo concerto incluía o tema de Armstrong, “When It’s Sleepy Time Down South”, bem como “ (Back Home Again In) Indiana” e (depois de 1956) “Mack the Knife”. Mesmos os solos eram rotina. A citação de “Mary Had a Little Lamb” do pianista Billy Kyle em “Undecided” em Newport em 1956, ainda está em Newport em 1958. Todavia, eles encontram maneiras para atualizar as performances. Ao lado das três canções acima, há uma grande variedade no repertório. Os solos de Young em “The Faithful Hussar” em Milão e Chicago muito próximos, mas com variações bastante sutis, que nunca soam aborrecidas. Ditto Hall, e Armstrong, lançam estas pequenas mudanças em quase todo solo que executam. É fascinante compreender o trabalho do “sempre na estrada” All Stars. O carisma incomparável de Armstrong irradia-se através de cada performance, mesmo quando ele está perdendo sua voz no Carnegie Hall.

Na caixa de “Town Hall and Carnegie Hall” estão as melhores gravações, mas as que melhores se aproximam estão no fechamento de Newport, em 1958, com sua adrenalina furiosa em “Tiger Rag”, duas deliciosas aparições da vocalista Velma Middleton (lamentavelmente sub-representada em “Live Recordings” — ela era vítima frequente do expurgo editorial de Avakian) e uma surpresa com a aparição de Teagarden (que reassume seu velho papel em duo com Armstrong em “Rockin’ Chair”) e o cornetista Bobby Hackett. Todos juntos, embora, a coleção da Mosaic (completada com notas extensivas pelo estudioso em Armstrong, Ricky Riccardi) não contempla nada sem valor, e é uma adição valiosa para o catálogo do jazz. Não pode seu mérito ser tomado como privilégio? É Pops, depois de tudo, que mesmo um sociopata não pode ouvir por mais de 15 segundos sem sorrir.

Fonte: Michael J. West (JazzTimes)

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