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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

MICHAEL GIBBS & THE NDR BIGBAND – PLAY A BILL FRISELL SET LIST / IN MY VIEW (Cuneiform Records)



Ao longo da prolífica carreira de Bill Frisell, que vai para um lado e tende a vir para outro, tais como encontros joviais e duradouras fascinações inspiram projetos novos em estúdio e colaborações em concerto. O acaso teve um papel significante na introdução do guitarrista, compositor e arranjador, à música de Michael Gibbs ,nascido na Rodésia, em 1968. Frisell estava esperançoso para ver Wes Montgomery atuar no Red Rocks no Colorado, mas a legenda da guitarra morreu poucas semanas antes do concerto. O Newport Jazz Festival produziu um programa, que oferecia outros atrativos. Uma performance do quarteto de Gary Burton causou profunda impressão em Frisell, que foi imediatamente puxado para a abordagem harmônica colorida de Gil Evans dentro do material de Gibbs que a banda tocou. Em 1975, foi estudar em Berklee, onde, não coincidentemente, Gibbs estava ensinando. Passaram a ser amigos próximos e ocasionais e bem entrosados colaboradores, como no recente lançamento da NDR Bigband , “Play a Bill Frisell Set List”, ilustrado coloridamente.

A tarefa não invejável de esculpir vastamente o catálogo de Frisell dentro de algo manejável no palco para este concerto em Hamburgo em 2013— e algo representativo para tirar proveito—desemboca em Gibbs. Expele aquilo que seria a parte fácil, entretanto. O maior desafio situa-se em delinear arranjos que consistentemente sublinham os talentos de Frisell, como instrumentista, compositor e intérprete, enquanto ao mesmo tempo exibe os formidáveis solistas da orquestra e as amplas dinâmicas. Felizmente, o trabalho anterior de Gibbs com a orquestra, em similar ambiente “convidado especial”, lhe serve bem. Tocando uma guitarra estilo “locutor de TV” e estimulado pelo baterista convidado Jeff Ballard, Frisell é claramente inspirado pelo trabalho manual de Gibbs e o mesmo é verdadeiro para a orquestra, conforme ela se move através de uma série de performances apaixonadas, coloridas e exuberantes.

Várias músicas são retiradas de recentes (ou semirrecentes) lançamentos de Frisell. Entre elas a encantadora da era do suingue “Benny’s Bugle”, que encontra Frisell, Ballard e o trompetista Ingolf Burkhardt saudando Charlie Christian e companhia com passo leve e firme despreocupação. Em contraste, “Throughout”, uma composição seminal de Frisell, alavanca uma explosiva abertura, poderosamente impulsionada pelo saxofonista tenor Christof Lauer. “Freddy’s Step”, de Frisell, jubilosamente desfila no encerramento do álbum, é outro destaque, gerando ondas de funk ritmicamente distorcido. A mais atrativa, plenamente realizada performance da orquestra, entretanto, é o insinuante tratamento de Gibbs para o retrato descrito por Evans em “Las Vegas Tang”. Ela passa do murmúrio para o grito alto do bop , enfraquece e segue. Em completo contraste às cores orquestrais e golpes, a furtiva atuação de   Frisell e Ballard em “Misterioso” pontua o concerto com uma maravilhosa evocação, uma espécie de interlúdio Monk-encontra-Raymond Chandler.

“Misterioso” também aparece no lançamento de Gibbs/Bigband, ”In My View”. Ademais, como a maioria da música arranjada e conduzida por Gibbs para a sessão em estúdio, o tratamento é coloridamente expansivo, desenhado para acomodar a impressionante lista dos solistas. Neste caso, o baterista Adam Nussbaum e os trombonistas Dan Gottshall, Sebastian Hoffmann e Stefan Lottermann ajudam a infudir a canção de Monk com um crescente solavanco da gabolice da Crescent City. Em similar moda dinâmica, a orquestra traz um oscilante movimento hard-bop para “Ramblin’” de Ornette Coleman com o saxofonista alto Peter Bolte liderando o caminho. Carla Bley está, também, afetuosamente representada via sua vinheta sombria “Ida Lupino”, e preenchendo a sessão estão quatro composições diversas de Gibbs que irradiam uma marca misturada de lirismo e vivacidade.

Fonte: Mike Joyce (JazzTimes)

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