
Em 2012, os produtores da Resonance , Zev Feldman e George Klabin, abordaram o proprietário
da Keystone , Todd Barkan, sobre pesquisar sua massiva coleção de gravações
realizadas no clube, e veio à tona as fitas de Getz. O resultado, quatro anos
depois: dois álbuns essenciais, um apresentando o quarteto e outro exibindo Gilberto.
Cada noite começou com o quarteto, assim começaremos com
este disco. “Moments in Time” é um belo e variado programa que não representa
nenhuma dúvida sobre um típico trabalho daquela semana. Getz está no apogeu
aqui, seu tenor exsudando calor emocional e a frieza da West Coast. Após uma adorável introdução, o quarteto interpreta
“Summer Night” de Harry Warren como um hard
bop em tempo médio; os solos de Getz com vigor para vários minutos e Brackeen
assume uma extensa e incansável travessura no meio da seção dos nove minutos da
música. Como se fosse uma preparação para a aparição de Gilberto, o grupo
oferece uma versão jovial do samba de Antônio Carlos Jobim, “O Grande Amor”, apresentando
as dóceis linhas de Getz e a manutenção da cadência rítmica com Hart. Getz introduz
seu sóbrio sopro com sussurro em vibrato na balada de Wayne Shorter, “Infant
Eye”, suportada pelo empático complemento de Brackeen e econômico tanger das
cordas de Houston.
O programa apresenta o soul-jazz
(“The Cry of the Wild Goose” de Kenny Wheeler com Hart gotejando batidas funk ) , balada (“Peace” de Horace
Silver) e bop latino (12 minutos de
“Con Alma” de Dizzy Gillespie) antes terminando com belas tomadas de “Prelude
to a Kiss” de Duke Ellington e “Morning
Star” de Jimmy Rowles.
O quarteto, sem emenda, passa para o samba quando Gilberto se
junta. Gilberto, cujo belo vocal sem relevo e livre forçam a força ativa para o
êxito da esposa Astrud nos sucessos “Corcovado (Quiet Nights of Quiet Stars)” e
“The Girl From Ipanema” não perdeu qualquer dos seus toques nos interpostos 12 anos.
Este é mais o palco para Gilberto do que para Getz; o saxofonista não toca em
várias canções, o quarteto passa para os bastidores e o violão de Gilberto,
simplesmente dedilhado, é o instrumento apresentado, às vezes, como em “Rosa
Morena”, é o único instrumento, salvo notas de baixo por medida.
Porém, nesta simplicidade— os acordes sem adornos, o vocal
não exagerado em português— a beleza é estabelecida. O disco inicia e termina
com “É Preciso Perdoar”, que contrasta simples e repetidos acordes com a
adorável melodia soprada por Getz. Estão entre eles mais de pequenos sambas e bossa
novas, em variações jubilosas e pesarosas, incluindo a bem batida “Aguas de
Março” (“Waters of March”) e “Doralice” e belezas menos conhecidas. As
composições e performance devem ser descomplicadas, mas as melodias e o canto melancólico
tocará seu coração.
Fonte: Steve Greenlee (JazzTimes)
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