Qualquer um sem ao menos um conhecimento casual das
gravações de Charlie Parker para os selos Savoy e Dial, provavelmente, não é
leitor da JazzTimes. Há o equivalente ao Novo Testamento do jazz, os textos
fundadores do jazz pós Segunda Guerra Mundial e a base para todas as coisas—de
Miles Davis a Ornette Coleman—que seguiram. E, frequentemente, o Novo Testamento,
traz à tona novas edições.
E daí ainda justifica, neste tempo, outro reacondicionamento
de um reacondicionamento (a caixa de CDs da Savoy é de 2002)? Simplesmente o
vinil é um centro aquecido e surpreendentemente lucrativo para uma indústria de
gravações, que se esforça para não sucumbir. Esta é a razão completa para o
selo necessitar desta coleção de 10 LPs, ou aquilo que colecionadores
necessitam comprar. Para os fãs menos obstinados, há pontos positivos e
negativos, especialmente para aqueles que já possuem a obra da Savoy em caixa
de CDs.
Naturalmente, a música é a principal atração. “Complete
Savoy and Dial” inclui não só as sessões
de Parker como líder e seus encontros “reinventando a roda” de 1945 com Dizzy
Gillespie, mas também três aparições iniciais como acompanhante (com Tiny
Grimes em 1944, Red Norvo e Slim Gillard em 1945); seu trabalho no tenor no
trabalho de estreia de Miles Davis como líder em 1947; a famosa fita da festa
de retorno de Bird do Camarillo State
Mental Hospital seguindo seu lançamento e todos os inexatos começos e
tomadas incompletas ou alternativas. Digitalmente remasterizada e prensada em
180 gramas de vinil, as 217 faixas não estão a ponto de oferecer qualquer
novidade não salva antes: este LP é fetiche para quem insiste que o formato
sonoro superior deve ser o ponto. As sessões mais iniciais têm um som ainda um
pouco fraco , mas a maioria —especialmente a avançada, de 1947, “Relaxin’ at
Camarillo”—nunca soaram melhor.
É, ainda, uma grande alegria ouvir estas sessões em sua
inteireza. A sequência— todas as faixas padrão primeiro, então as faixas alternativas
para cada música em sucessão— nem sempre habilitada ao escrutínio. Entretanto, aqueles
que são familiarizados com solos lendários como “Embraceable You” ou “Parker’s
Mood” observarão os contrastes entre várias tomadas, e no caso de “Parker’s
Mood” como o improviso na faixa padrão (tomada 5) modela-se sobre as tomadas
anteriores.
Então, há a embalagem em si, que não tem muito que
recomendar. As gravações vêm em folhas finas de papelão, banhadas em tons
terra. Elas são atraentes, mas flexíveis o bastante para machucar as bordas ao
manuseá-las. Ou, pior ainda, sem rachar a não muito resistente caixa exterior (Duas
bordas das cópias deste articulista rasgaram em uma semana)
Já que a caixa é, outra vez, a reembalagem da reembalagem,
inevitavelmente reproduz o folheto que acompanhou a edição anterior (com
ensaios de Orrin Keepnews, Ira Gitler, James Patrick e Bill Kirchner, mais uma
antiga entrevista com o produtor de Parker para a Savoy, Teddy Reig). Porém,
elas devem ter sido alguma coisa extra —novas ou diferentes fotos? Uma
apreciação moderna, talvez e um músico que veio a ganhar proeminência desde 2002?
— para distinguí-lo do trabalho em CD. Isto é tudo idêntico, 13 anos depois sua
contraparte sugere cinismo da Savoy: Apesar da qualidade sonora, o trabalho tem
pouca razão para existir, a não ser explorar colecionadores.
Fonte: Michael J. West (JazzTimes)
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