Sobre “Joe Lovano Quartet: Classic! Live at Newport”´ é
seguro afirmar que muitos anos após sua realização, quando os críticos e
historiadores têm o benefício da distância para ajudar a focar
seus pensamentos, muitos, se não a maioria, continuará a aclamar o
presentemente admirado trabalho do saxofonista Joe Lovano editado pela Blue
Note. Porém, o que manterá elevada a dita discografia? Alguns devem continuar a
enaltecer o trabalho arrojado e ritmicamente explosivo do seu quinteto Us Five ; outros devem celebrar os
lançamentos do seu cativante Trio Fascination e uma facção diferente
deve exaltar as virtudes das gravações consagradas do seu quarteto poderoso no Village Vanguard. Não há falta de boas opções em um portfólio que
contém mais que duas dúzias de contribuições e ampliada em mais de um quarto de
século.
Para este redator, sempre será as gravações que Lovano realizou
com o pianista Hank Jones—belezas imperecíveis que parecem nunca perder seu
brilho. “I'm All For You (Blue Note, 2004)” e “Joyous Encounter (Blue Note,
2005)”— trabalhos incrivelmente encantadores em quarteto com o baixista George
Mraz e o baterista Paul Motian compondo a banda— vieram primeiro e em rápida
sucessão . O único trabalho em duo do par —Kids:
Live at Dizzy's Club Coca- Cola (Blue Note, 2007) — veio um pouco depois.
Jones faleceu poucos anos depois que o terceiro disco chegou, em 2010, jovial
na amadurecida idade de 91 anos— e Lovano passou para outro domínio musical, aparentemente
encerrando este incrivelmente frutífero capítulo de sua vida artística. Porém,
agora a história vem outra vez com o lançamento deste trabalho capturado ao
vivo do Newport Jazz Festival in 2005.
Após a gravação de “Joyous Encounter” em Maio daquele ano, Lovano
excursionou pela Europa com o quarteto do álbum, com o modelar baterista Lewis
Nash substituindo Motian. Esta banda aglutinou-se dentro de uma maravilha
comunicativa, um fato que é claro como dia, tal como estes quatro músicos
expõem unificação e integridade dentro das suas proficiências. Passagens sutis e engenhosas do florescente
território da balada ao sólido estado do suingue ajudam a elevar "I'm All
For You” de Lovano; blueseira, rouquenha, suave e corajosa soa a mistura perfeitamente
unida para fazer uma apresentação tranquila da suingante "Six And
Four" de Oliver Nelson e a empatia não conhece fronteira em "Don't
Ever Leave Me" com toque brasileiro. A plateia esteve em um dia de verão.
Embora a magia exibida aqui é uma espécie similar ao que
pode ser ouvido nas gravações anteriormente mencionadas do quarteto, obviamente
não é a mesma. E não deveria ser surpresa que a mudança do baterista alterou a
química do grupo. Motian foi um mestre do sombreado percussivo, possibilitando
desembaraço em um domínio instrumental que raramente é acolhido, e Nash tipicamente
prefere coisas tensas e o lado mais fluido. A mente foi puxada de um sonho
profundo quando Motian juntou suas forças com Lovano, Jones e Mraz, mas ouvindo
Nash com os mesmos três é, inteiramente, outra experiência. Ele arranca a
totalidade do corpo do ouvinte para a música. Se seu pé não está batendo, seu
corpo não está se movendo, e sua cabeça não está sacudindo durante a afirmativa
"Kids Are Pretty People", você deve estar sofrendo alguma coisa de
paralisia. Nash uma vez lançou um álbum chamado “Rhythm Is My Business
(Evidence, 1993)”, e ele não estava brincando.
Concedendo a designação de “classic (clássico)" acima,
seu lançamento deve parecer um pouco presunçoso, mas isto parece ser daqueles
casos de “se o sapato ajusta”, que se diga caso contrário. Um clássico, pela
própria definição, é algo "de primeira ou da mais alta qualidade, classe
ou classificação" e este seguramente está na medida.
Faixas: Big Ben; Bird's Eye View; Don't Ever Leave Me; I'm
All For You; Kids Are Pretty People; Six And Four.
Músicos: Joe Lovano: saxofone tenor; Hank Jones: piano;
George Mraz: baixo; Lewis Nash: bateria.
Fonte : DAN BILAWSKY (AllAboutJazz)
Nenhum comentário:
Postar um comentário