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domingo, 19 de fevereiro de 2017

DENNY ZEITLIN – RIDING THE MOMENT (Sunnyside Records)



O álbum “Switched-On Bach  (Columbia Records, 1968)”, de Walter (agora Wendy) Carlos foi uma introdução seminal para a música sintetizada. Carlos usou então o novo MOOG sintetizador para meticulosamente construir a música de Johann Sebastian Bach. Ame-o ou odeie parece ser reação, sem muita opinião entre os sentimentos. Porém, uma coisa é certa, o gênio do sintetizador saiu da garrafa.

 Os tempos mudaram. O antigo e enfadonho MOOG tem dado passagem a sistemas menores e mais sofisticados. "Live electronics" são floreios no jazz, e ninguém está indo para a completa imersão mais profunda que o pianista/tecladista Denny Zeitlin.

Zeitlin começou sua carreira no jazz—junto com sua carreira na psiquiatria — no início dos anos 60 com uma série de álbuns com um trio de piano acústico para a Columbia Records. Do final dos anos 60 até o final dos anos 70 ele começou seus experimentos com eletrônica, culminando em 1978 com sua magnificente trilha sonora eletro-sinfônica para o filme   Invasion of the Body Snatchers. Então ele desplugou por uma década com alguns notáveis borrifos de sons sintetizados durante sua passagem pela MaxJazz Records. No novo milênio, Zeitlin assinou com a Sunnyside Records, onde tem produzido a melhor e mais aventurosa música de sua carreira, incluindo duas obras primas de piano solo, “Labyrinth (2011)” e “Precipice (2010)”, e —de volta, outra vez, ao assento do sintetizador— a aventura solo eletro-acústica “Both/And (2013)”.

Riding the Moment: Duo Eletro-Acústico Improvisações apresenta Zeitlin no sintetizador outra vez, ao lado do piano acústico, atuando com o velho companheiro do seu trio, o baterista George Marsh.
Comparando “Both/And” e “Riding The Moment”: É mais do mesmo, relativamente distinto.  “O mesmo: a amplitude, incandescendo de neon o som, os instrumentos sintetizados; as batidas eletrificadas e torvelinhos, ruídos e suaves zumbidos. A distinção: a desenfreada espontaneidade da criação do som improvisado de Zeitlin ao lado da inspirada bateria de George Marsh.

Na música pop em particular, o uso do sintetizador frequentemente resulta em algo gasto, persistente, som pasteurizado e numa música sem caráter. Zeitlin não tem este problema. Ele é um músico virtuoso, assim como estará ajustado a esta arena, e seu entrosamento com Marsh é esplêndido. A união é reminiscente do dueto de John Coltrane/Rashied Ali em “Interstellar Space (Impulse Records, 1965) ”, não em sua intensidade — a música do final da carreira de Coltrane poderia mais frequentemente despir o linóleo do solo— mas muita desta perfeição está no momento da interação, o aspecto melódico do trabalho da bateria de Marsh, o gênio e a beleza da musicalidade de Zeitlin e a simpatia de transformações em singulares ideias entre os dois músicos.

Não deixa falha. Há um bocado de música aqui, mais do que setenta e sete minutos. É uma mistura fascinante de sons, não há muita limitação para os sintetizadores. Há energia, a vibração do “gravado ao vivo” dá expressão à música, e a inspirada visão de duas épocas do jazz pega no ato a criação espontânea, conduzindo o momento.

Faixas: Back on the Horse; Fermenting; Marching to a Different Drummer; Setting Sail; Vortex; Broken Nest; The Visit; Wheel & Tracks; Very Bari; Gears; Down the Rabbit Hole; Quest.

Músicos: Denny Zeitlin: piano, sintetizadores virtuais, teclados; George Marsh: bateria e percussão.

Fonte: Dan McClenaghan (AllAboutJazz)

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