Tamarindo é um trio poderoso que toma seu tempo, conservado
seu espaço e usando sagacidade de seu talento coletivo fora do comum. Tony
Malaby sustenta notas longas e organiza o silêncio tão bem quanto qualquer
saxofonista descendente de Roscoe Mitchell, e aficionado de construção gradual
de clímaxes dentro de suas composições. O baixista William Parkeré , uma
inevitável presença com sua robusta entonação em pizzicato, brilha com o arco e
infatigável pioneirismo em nível afiado. Ele é habilmente complementado por
judiciosa moderação e fuzilaria estratégica do baterista Nasheet Waits.
Embora solidamente compostas, as canções de Malaby (que
inclui tudo até a faixa final) reflete sua experiência com a natureza da banda,
realçando a vitalidade do trio. A abertura, “Mule Skinner”, reparte os espaços
para solo para cada membro pavonear-se, considerando que os dois próximos
números, “Loretto” e “Matik-Matik”, demonstram a facilidade do grupo para
cacofonia processional e organicamente desenvolvida. A melhor e mais ambiciosa
canção é “Can’t Find You…”, uma peça central de 13 minutos que se desdobra como
uma fogueira no acampamento serpenteando, calmo, fantasmagórico e um pouco fantástico.
Dentro de seus vívidos episódios, Parker paira como um temporal que chega, arranca
notas e grita com seu arco ao lado do mesmo arco de ansiedade do instrumento de
Malaby. Waits varia a textura, faz batidas esponjosas das baquetas ao tambor marcial
e passa suavemente para pratos murmurantes. Neste ponto, Malaby arranca sons
agonizantes como se eles fossem recém-nascidos e cria o contexto para fazer um
belo som.
Não é, provavelmente, nenhuma coincidência que a faixa
final, creditada aos três membros, sente-se sem propósito em comparação ao resto
do disco. Tamarindo tem apenas três
gravações em sete anos, e seu disco anterior foi um lançamento ao vivo, em 2010,
com o trompetista convidado Wadada Leo Smith. “Somos Agua” demonstra que o
relacionamento vigoroso e distinto do grupo pode continuar para vicejar sob o sutil,
ainda que substancial, comando de Malaby. Eles devem abrir espaço em suas
agendas ocupadas para seções mais frequentes e concertos no futuro.
Faixas: Mule Skinner; Loretto; *Matik-Matik*; Can't find
you...; Bitter Dream; Little Head; Somos Agua.
Músicos: Tony Malaby: saxofones soprano e tenor; William
Parker: baixo; Nasheet Waits: bateria.
Fonte: Britt Robson (JazzTimes)
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