
A gravação segue rolando, e “rolando” é a palavra certa para
“L’Heure Bleue”, um solo de bateria de cinco minutos, no qual Ted Poor evoca
uma tempestade que estronda e estremece, incrementada pelas passagens em
circuito criadas pelos utilizadores dos iPad. Segue para “Indigo Mist”, depois
da qual começamos a ouvir Vu, respirando e estalando, antimelodicamente através
de seu trompete eletronicamente incrementado até assemelhar-se a uma sirene de
emergência; Karpen, que martela a mais baixa terça como um zangado Cecil Taylor
e o baixista Luke Berman, que puxa as cordas minimamente, mas com grande força.
Realmente, ao longo do álbum, piano e baixo são instrumentos mais percussivos
que a bateria.
Neste passo, com poucas claras demarcações entre canções,
mas raras lembranças que Vu e Karpen estão homenageando Ellington e Strayhorn
em títulos de canções como “Billy” e “Duke” e um belo e atmosférico tratamento
de “In a Sentimental Mood”, que é o encerramento do álbum, tem a cara de fiel
interpretação. Eles lidam com “Lush Life”, uma das mais desafiadoras
composições em todo o jazz, mas a desnuda em 1:45, dispensando a maior parte da
melodia e removendo a intimidadora troca de acordes. Melancólico, meditativo e
ocasionalmente perturbador, “That the Days Go By and Never Come Again” é a mais
difícil audição comparada a trabalhos anteriores de Vu, mas não é menos
recompensador.
Faixas: L’Heure Bleue; Indigo Mist; A Flower Is A Lovesome
Thing; Billy; Duke; In A Sentimental Mood; Charles; Lush Life; The Electric
Mist; Mood Indigo.
Músicos: Cuong Vu: trompete; Richard Karpen: piano; Luke
Berman: baixo; Ted Poor: bateria; Ivan Arteaga; Live Electronics iPad; Shih-Wei Lo: Live Electronics iPad; Douglas Niemela: Live Electronics iPad; Joshua Parmenter: Live Electronics iPad.
Fonte: Steve Greenlee (JazzTimes)
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