
“Zenith” encontra e excede quaisquer expectativas que alguém
pode ter. É um prazer ouvi-lo de muitos diferentes ângulos com repetidas
audições, aprofundando seu impacto.
Como lançamento inicial do seu próprio selo, InnerVoice Jazz, Copland traz para
fruição o desejo de controlar seu próprio destino. Relacionamentos musicais são
construídos, expandidos e prolongados. O baixista Drew Gress tocou com Copland
nos quinze anos passados nos selos Hat
e Pirouet, enquanto o baterista Joey
Baron uniu-se a Copland no trio do baixista Gary Peacock. Os três tocam juntos
no último quarteto de John Abercrombie. O trompetista Ralph Alessi, que parece,
finalmente, encontrar o reconhecimento que merece, forma o presente quarteto e
adiciona sua voz singular. Sua mente musical é totalmente flexível e
adaptativa, e ele é capaz de tocar em trabalhos soltos e estruturados (observem
o recente “Proximity” de Enrico Pieranunzi, bem como seu disco de estreia na ECM,
“Baida”, no qual Gress aparece).
O álbum apresenta quatro composições inéditas de Copland, uma
improvisação do grupo e uma versão deslumbrante da relativamente desconhecida
canção de Ellington, "Mystery Song". A conexão de Copland com Bill
Evans é clara, e para estes ouvidos, há também conexão com Bobo Stenson,
exemplificado no abstrato (mas aguçado e altamente intencionado) lado da sua
música.
A canção de abertura (quase título), "Sun At The
Zenith", inicia com um sentimento um tanto quanto ameaçador e agourento,
que é mantido pelo acompanhamento improvisado do baixo. Sobre estes fluxos uma
melodia cheia de nuances, retorcendo e volteando, a impulsiona e arrasta contra
o ritmo prevalecente. Nós estamos em território auricular perigoso aqui. O
componente melódico quer flutuar, mas luta contra os melancólicos arranhões do
improviso. Alessi está brilhante na forma como balanceia uma afiada lâmina
emocional, suas linhas incorporando a escuridão e a luz, como Copland continuamente
preenche o espaço entre o topo e o fundo com uma intensidade deslumbrante. Esta
é uma faixa fabulosa que demanda atenção, estabelecendo o espírito dominante.
"Mystery" de Ellington segue, e deve ter sido
escolhido por meio de combinar uma simplicidade subjacente da estrutura e
harmonia como a forma enigmática e soa como força à parte ou escapa. A banda
efervesce, estabelece-se por Baron (que você possa quase sem sentir sorrindo).
Alessi outra vez alcança o coração da música, embora colocando-se à parte e pondo-se
, de volta, junto; Gress é uma parte essencial da mistura como solista e seu
importante papel como parceiro de Baron.
Neste ponto, está claro que, embora liderado composicionalmente
por Copland, o quarteto é muito cooperativo e o que se apresenta é um grupo com
personalidade sonora e musical. A próxima (e mais longa) faixa, "Air We've
Never Breathed", é uma improvisação do grupo, e demonstra como cada um tem
uma voz no grupo; Baron é apenas tão importante quanto Copland, o fraseado de Gress
tanto quanto Alessi. A peça, que é dada como em três partes, mas não está
enfileirada na gravação, cresce e desenvolve-se, e tem uma meia seção magnífica
de dois minutos (que tem cerca de nove minutos) apresentando Baron só nos
pratos, liderando uma longa e vagarosa linha de Alessi com acompanhamento disperso
de Copland -mágico.
"Hurricane", que encerra o álbum, é muito franca e
visivelmente emocional. O próprio título dá uma ideia do poder e intensidade da
música. A audição é muito mais uma experiência encorpada e um pouco de
alteração de passo da inclinação intelectual das faixas iniciais.
Copland continua nesta jornada, e com este excelente
quarteto, tem alcançado novas alturas.
Faixas: Sun At The Zenith; Mystery Song; Air We've Never
Breathed: I. The Bass Knows, II. Up and Over, III. Lips; Waterfalls; Best Bet;
Hurricane.
Músicos: Marc Copland: piano; Ralph Alessi: trompete; Drew
Gress: baixo; Joey Baron: bateria.
Fonte: Budd Kopman (AllAboutJazz)
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