
O CD abriga onze músicas de Edu Lobo, sendo uma inédita, e
dez regravações, cujos arranjos originais, escritos pelos maestros Chiquinho de
Moraes, Cristóvão Bastos e Gilson Peranzzetta, foram adaptados pela trinca de
ouro.
E assim, com o reforço do contrabaixista Bruno Aguilar (em
dez faixas), do percussionista Mingo Araújo (uma faixa) e a participação
especial do arranjador e pianista Cristóvão Bastos (uma faixa), Lobo, Senise e
Lubambo reforçam a sacada da hora: num momento de crise, unir forças é o
caminho que os músicos vêm trilhando. Tocar e cantar junto finda sendo bom para
eles e também para o público: os músicos pelo prazer de agregar talentos e fãs,
o público pela chance de curtir um trabalho inédito.
Entende-se a dificuldade dos três ases para resumir em onze
faixas o vasto repertório de Edu; bem como deve-se louvar a escolha final: onze
músicas que privilegiam suas obras menos conhecidas, mas do mais fino e puro
rigor musical. São duas em parceria com Cacaso, quatro com Chico Buarque, uma
com Paulo César Pinheiro, uma com Gianfrancesco Guarnieri, uma com Capinan, uma
com Ronaldo Bastos e uma apenas dele.
O CD abre com “A Morte de Zambi” (EL e Gianfrancesco
Guarnieri). Somando contrabaixo ao violão e à flauta baixo, um quê de
melancolia reina por Zambi. Edu canta. E bem. Seus graves, mais do que seus
agudos, ainda estão redondos e afinados. Fascina o seu duo com o baixo,
enquanto dobra a própria voz. A harmonia de Edu Lobo, interpretada por Lubambo,
encanta. Volta a voz dobrada com o contrabaixo e a flauta baixo, ela que segue
em frente, apoiada por violão e baixo. A sonoridade é sedutora.
Fechando a tampa, um instrumental inédito de Edu: “Noturna”.
Piano (Cristóvão Bastos) e guitarra, junto com o sax soprano, iniciam o lindo
tema. O soprano sola e o piano o acompanha. A guitarra improvisa, com piano e
sax dando pinta. Suave, o sax sola, com o piano apoiando-o belamente. O piano
traz para si o improviso, o baixo dá suporte. A seguir, primeiro o sax e depois
a guitarra improvisam. O sax retoma a melodia. A guitarra se junta a ele,
noutro duo. Sax, piano e guitarra conduzem o tema ao final... Meu Deus!
Concluindo, um trecho do que escrevi sobre o CD lançado por
Edu Lobo em 2008: “Como um alfaiate, agulha e linha entre os dedos, o
compositor costura o pano de fundo da sua emoção. É dessa harmonia que ele
extrai a alma que estimula a criação. Sobre a cama macia, harmoniosa, Edu
estende o lençol da melodia feita nota por nota. E assim, inventada a harmonia,
criada a melodia, nasce sua música”.
A soma desse formidável talento de Edu, com o requinte de
Mauro e o esmero de Romero, orgulha a música brasileira.
Fonte: Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4(Publicado no
GGN - O Jornal de todos Brasis)
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