Na
densidade do solo de baixo em “Descarga Entre Amigos”, a terceira faixa do
álbum de estreia do baixista Carlos Henriquez, “The Bronx Pyramid”, o vocalista
convidado Rubén Blades sussurra um comando leve ao microfone: “Fala, Carlitos”.
Dentro do grande projeto, é um pequeno momento, enovoado e distante, que
praticamente desaparece ao fundo. Porém, em outro nível, representa o álbum
como um todo. Desde 1998—brevemente após receber seu diploma do segundo grau—Henriquez
tem tocado baixo na Jazz at Lincoln
Center Orchestra. Seu papel lá é essencialmente suportivo, mas essencial,
como as raízes abaixo de uma árvore. Porém com “The Bronx Pyramid”, Henriquez impulsiona
sua sonoridade para a proa, e aquilo que ele tem a dizer é poderoso. A
influência da JLCO—e seu diretor, Wynton Marsalis—é evidente nos afiados
balanços do álbum e graciosas melodias. A faixa título tem seu caminho sob a
casca através de um suave e contagiante linha do baixo, sobre a qual o
manifesto do trompete de Michael Rodriguez anda nas pontas dos pés como um gato
de acorde em acorde. A balada “Joshua’s Dream” oferece um doce estribilho do
saxofonista tenor Felipe Lamoglia, que é franco e angustiante. Ao longo
do trabalho, Henriquez nunca
perde a pontaria dos aspectos mais dançáveis da música portorriquenha, a qual
ele cresceu ouvindo em seu nativo Bronx, e em “Chuchifrito” ele realiza um solo
de baixo vigoroso que, indubitavelmente, alcançará vivas pelo balanço. Ao longo
de sua carreira, Henriquez providenciou suporte seguro para estrelas do jazz
latino como Tito Puente, Eddie Palmieri e Celia Cruz. Porém, é um prazer real
ouví-lo à frente e ao centro. Este último disco, o segundo lançamento para o
selo Blue Engine afiliado à JLCO,
prova porque ele é um mestre emergente no idioma do jazz latino. Fala mais, Carlitos.
Para
conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:
Fonte:
BRIAN ZIMMERMAN (DownBeat)
Nenhum comentário:
Postar um comentário