Como vitrine para os excepcionais talentos do pianista
italiano Roberto Magris, “Enigmatix” funciona bem. Magris, que tem devotado
vários álbuns à música de outros (Lee Morgan, Elmo Hope, Julian
"Cannonball" Adderley) e partilhou o centro do palco com os saxofonistas
Herb Geller e Sam Reed dentre outros, retorna os holofotes para si mesmo e seu
teclado, desta vez, está em torno de um programa que abarca cinco de suas
composições, "My Cherie Amour" de Stevie Wonder e "Do It
Again" de Steely Dan.
A despeito do esotérico título do álbum, a música é
resolutamente transparente e acessível com nenhuma deficiência na melodia,
harmonia ou ritmo. Quanto a Magris, ele é um resoluto praticante do post-bop com uma ágil mão direita e
aguçados instintos musicais cujas improvisações são, consistentemente,
perceptivas e insinuantes. Ele pode injetar nova vida em baladas ("My
Cherie Amour" na qual ele efetua uma introdução floreada) ou suinga firme
quando a ocasião exige (como, por exemplo, em "J.F.K. No Key"). Qualquer
que seja o espírito ou tempo, Magris parece sempre ter ideias provocativas para
compartilhar.
Seus companheiros são não menos qualificados, e juntos eles
colaboram para fazer de “Enigmatix” um deleite para ouvir e apreciar. O
baixista Dominique Sanders é seguro, o baterista Brian Steever flexível, enquanto
o percussionista Pablo Sanhueza adiciona força e cor. A vocalista Monique
Danielle aparece em "No Sadness", emprestando uma voz charmosa para
um samba balançante de Magris. "Enigmatix", que inicia o álbum, verdadeiramente
consiste em duas partes, e cada uma rola por mais de dez minutos (mas "J.F.K.
No Key", que é cronometrado em quinze minutos, alcança o prêmio da faixa
mais longa). Como outras, "No Key" existe para a maior parte do
desembaraçado improviso de Magris, embora Sanders e Steever tenham seus
momentos, lá e em outras partes.
Em favor da tepidez melódica, impregnada com percussiva
animação, há "Counterparts", na qual Magris e os outros parecem mais
relaxados e animados. Bem, isto é uma consistente chamada, assim como todas as
coisas parecem estar soltas e otimistas. Como notado anteriormente, uma vitrine
encantadora para Roberto Magris, cuja notável capacidade artística possibilita
“Enigmatix” distinguir-se na multidão.
Faixas: Enigmatix, Part 1; Counterparts; No Sadness; J.F. No
Key; Enigmatix, Part 2; My Cherie Amour; Do It Again.
Músicos: Roberto Magris: piano, compositor, arranjador;
Dominique Sanders: baixo acústico e elétrico; Brian Steever: bateria; Pablo
Sanhueza: congas, percussão; Monique Danielle: vocal (3).
Fonte: Jack Bowers (AllAboutJazz)
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