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segunda-feira, 12 de junho de 2017

STEFANO BATTAGLIA TRIO – IN THE MORNING (ECM Records)



Ao longo dos passados cinco anos Stefano Battaglia poderia ter facilmente tomado o baixista Salvatore Maiore e o baterista Roberto Dani em seus onipresentes domínios dos classicamente treinados trios de piano, onde improvisação, câmara e lirismo melancólico encontram-se, mas raramente dá liga. Porém junto ao seu treinamento clássico e um ouvido estabelecido para o free jazz, hard bop e a tradição, Battaglia tem crescido e capitalizado estas habilidades coletivas. O natural da Itália, milanês, tem gradativamente escolhido uma mente e ouvidos abertos, uma afinidade pela espontaneidade e uma abordagem que tem sido cumulativa ao longo dos anos. Seu trio original da ECM formado com o baixista Giovanni Maier e pelo percussionista Michele Rabbia Raccolto (2005) explorou territórios similares dez anos atrás, mas a sinergia de estilos cresceu mais fluida e natural ao longo do tempo.

Com o mesmo excelente trio que produziu The River of Anyder and Songways (ECM, 2011 e 2012), o grupo retorna com um lançamento bem sucedido em “In The Morning”. A abrangência do tema é remota; uma consideração do trabalho do falecido compositor Alec Wilder que compôs para o jazz com toque pop, ópera, filme e foi gravado por notáveis que vão de Frank Sinatra ao saxofonista Dave Liebman e Keith Jarrett. Embora celebrado dentro da comunidade musical, e suficientemente gravado através dos seus próprios projetos e reinterpretações, Wilder, conhecido em seu tempo por ter um caráter algo arrogante e desagradável, não foi publicamente reconhecido pelo público do mercado musical.

Gravado ao vivo em Torino, Itália, em Abril de 2014, “In The Morning” reflete a combinação excêntrica de estilos nos quais Wilder compôs. A longa faixa título (quase doze minutos) inicia com o típico estilo lírico de Bill Evans que Battaglia tem , compreensivelmente, lhe sido favorito ao longo dos anos. Maiore insere um breve solo, Dani arrasta-se sobre os pratos e Battaglia saca, então, uma variação mais abstrata do tema principal que efetivamente incorpora o experimentalismo pop de Wilder. Seguida por outra extensa composição —"River Run"—o trio vai mais além, impulsionando uma rítmica e energética performance, adicionando mais cor e textura.

Composições como "Moon and Sand" e "When I Am Dead My Dearest" recebem tratamento mais pungentes com a profundidade de Maiore, com o baixo ressonante ancorando as peças, a abordagem musical pulsante de Dani movendo-se em paralelo. A peça mais longa do álbum, "The Lake Isle Of Innisfree", inicia com um exercício minimalista e toma seu tempo aperfeiçoando-se texturas mais terrenas e harmônicas. O encerramento, "Chick Lorimer", é a canção mais abstrata do repertório, ainda que se estabeleça e siga de forma edificante.   

Os membros deste trio têm uma forte compreensão mútua e uma conexão aparentemente transcendente que lhes possibilita perder-se individualmente sem extraviar-se do contexto. As tradicionais raízes de Battaglia, clássicas e jazzísticas, são compartilhadas em sua natureza experimental e os resultados são sempre refinados. “In The Morning” é a melhor das gravações do seu trio e uma audição realmente prazerosa.

Faixas: In The Morning; River Run; Moon And Sand; When I Am Dead My Dearest; The Lake Isle Of Innisfree; Where Do You Go?; Chick Lorimer.

Músicos: Stefano Battaglia: piano; Salvatore Maiore: baixo; Roberto Dani: bateria.

Fonte: Karl Ackermann (AllAboutJazz)

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