“Dr. Um” o baterista artesão, Peter Erskine, oferece uma escusa
para tocar funk e fusion e “todo
aquele [material] tão bom que o povo adora embora ainda sendo Mr. um bem
respeitado jazzista” conforme relatado nas notas para o disco. Isto
adequadamente sumariza o escopo deste projeto, no qual Erskine colabora com o
tecladista John Beasley (os dois coproduzem o álbum) e o virtuoso baixista
elétrico, o britânico Janek Gwizdala. Os três, reunidos ao narrador Jack
Fletcher, ao saxofonista tenor Bob Sheppard, aos guitarristas Jeff Parker e
Larry Koonse, e o percussionista Aaron Serfaty, tocam um jazz eletrificado, que
é musicalmente fértil, mas não flamejante, e habilmente demonstram seus
talentos como realizadores de suingue e improvisadores.
Erskine e companhia realmente soam relaxados e inspirados, e
não se limitam à fidelidade ao gênero ou conceito do álbum. Erskine contribui
com três das 10 músicas, iniciando com “Hawaii Bathing Suit”. A canção, que vem
da mesma linhagem da sua velha banda, Weather
Report, tem um espirituoso uníssono de sax e teclado e leva para cima a
fervura de um balanço com toque de calypso,
e serve como uma abertura para a seção do tenor, bateria e congas, seguida de solo
empenado de Beasley e uma impetuosa excursão do tenor. “Little Fun K”, de
Erskine, um pouco funkeada, está um degrau acima do tema principal, teclas
suaves e as linhas fluidas blueseiras de Parker aludindo Steely Dan. E a ampla
música do líder, “Northern Cross”, beneficia-se dos mesmos elementos, bem como
as entonações e texturas são mais uma vez ouvidas no Weather Report, e uma breve passagem do inventivo arrojo rítmico de
Erskine.
Erskine brinda Joe Zawinul, cofundador de Weather Report, na etérea e sombria “Bourges
Buenos Aires” e “Speechless”. Beasley contribui com vivos balanços e frases fusion ziguezagueantes em “Lost Page”, a
relaxada, tingida de soul, “Okraphilia” e, inesperadamente, um majestoso
arranjo de Mahler. Koonse brilha em “Sprite” de Vince Mendoza, uma balada
brilhante aos moldes de Metheny, e Beasley exibe sua proficiência no órgão na
peculiar “Sage Hands” de Gary McFarland, também apresentando Sheppard. Saboroso
trabalho.
Faixas: You're Next; Lost Page; Hawaii Bathing Suit; Bourges
Buenos Aires; Little Fun K; Mahler (Ich Bin Der Welt Abhanden Gekommen); Sage
Hands; Okraphalia; Speechless; Sprite; Northern Cross; You Awake.
Músicos: Peter Erskine: bateria; John Beasley: teclados;
Janek Gwizdala: baixo elétrico; Bob Sheppard: saxofone tenor; Jeff Parker:
guitarra; Larry Koonse: guitarra (10); Aaron Serfaty: congas, bongôs, chocalho
(2); Jack Fletcher: recitação.
Fonte: Philip Booth (JazzTimes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário