
“Love’s Dream”, a faixa de abertura, inicia como um hino
introdutório sublinhando o ímpeto através da liberdade, relembrando os hinos
dos metais e palhetas das bandas de Albert Ayler. O cornet de Bradford emerge
como a voz líder improvisadora, abre caminho para o soprano de Carter, então
reafirma-se, estabelecendo o tema para o trabalho: uma improvisação
primorosamente balanceada que mantem a individualidade ao lado do foco na
identidade do grupo.
Embora, como agora,
improvisações “free” eram comumente apreciadas ou rejeitadas por suas audácias
melódicas e harmônicas, muito das inovações mais corajosas da música foram
percussivas e temporais. O próprio tempo, não apenas ritmo ou cadência, é um
meio improvisador aqui. Em vários pontos bateria, baixos e os instrumentos de
sopro líderes irrompem em contrastantes, mesmo conflitantes tempos. Solos de
baixo obscurecem a linha entre a percussão e a melodia, bem como alternam
extensas precipitações do arco, rodopios e parábolas com furiosas linhas
pulsantes e excitantes pizzicatos, emparelhados pelos rápidos deslizar de Carter
e Bradford e extensas linhas meditativas intercambiadas através de intricados
espaços entrelaçados entre ritmos dançantes do trabalho da seção rítmica. Os principais
instrumentistas antecipam, respondem e incitam-se mutuamente com prazer, foco e
disciplina -“toque sério” com algo mais profundo.
Faixas: Love’s Dreams; She; Comin’ On; Come Softly; Circle.
Músicos: Bobby Bradford: cornet; John Carter: saxofone
soprano, clarinete; Roberto Miranda: baixo; Stanley Carter: baixo; William
Jeffrey: bateria.
Fonte: David Whiteis (JazzTimes)
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