O saxofonista/flautista Henry Threadgill organizou Zooid como sua banda veículo há 14 anos,
período mais longo que seus maravilhosos e indeléveis trabalhos com Air e Very Very Circus. Este grupo é mais esquemático e controlado dos
três, embora continue desenvolvendo novos e excitantes caminhos, graças à
incessante maturidade de Threadgill como compositor e conceitualista.
“In for a Penny, In for a Pound” é um trabalho compreendendo
80 minutos com seis seções. Threadgill a chama de “épica” e escreve aquilo que
ele originalmente concebeu como “uma corrente de fases” para tocar em um íntimo
e refinado trabalho. Há temas similares e intervalos harmônicos em cada seção,
frequentemente envolvendo diferentes combinações de instrumentos, dando à peça
uma qualidade rodopiante e prismática. A embalagem do CD propaga a música sobre
dois discos, cada um iniciando com uma curta introdução, que lidera duas seções
mais longas (a mais curta destas tem 16 minutos). Threadgill sustenta que cada
uma destas quatro seções foca em um instrumento, e cita-os em títulos como
“Dosepic (para cello)”, mas após audições concentradas, eu não pude identificar
qual o foco ao lado de breves solos de um instrumento identificado próximo ao
meio de cada seção. Todas as seis seções permanecem fascinando constantemente
em exercícios mutantes na interação da banda.
“In for a Penny” soa mais expansivo, e “molhado”, que
lançamentos anteriores de Zooid. O baixista
Stomu Takeishi não está há muito tempo com o grupo, mas Jose Davila arranca
material do trombone e da tuba, apresentando uma fundação suave e contraste (ambas
dramáticas e extravagantes), que tem sempre sido integral ao trabalho Threadgill.
Ele também ama lutar com as entonações dos instrumentos de sopro e cordas e com
o companheiro de longa data, o guitarrista Liberty Ellman (que também produziu
a gravação), e o relativo recém-chegado Christopher Hoffman no violoncello, há
uma plenitude de resolução, o uso do arco, notas inclinadas e dedilhadas
tocando de forma camaleônica ao lado de Davila ou Threadgill no sax alto, flauta
e flauta baixo. O baterista e percussionista Elliot Humberto Kavee preenche um
quinteto que conduz a distinta individualidade ou marcantes intercâmbios
conforme a situação permite. E assim com o álbum em seu conjunto: seria
identificar qualquer das seções individuais com um minuto de amostra. O
conjunto épico raramente prolonga-se, ainda executa uma dança similarmente ágil
dentro de cada seção. Para ouvintes e músicos semelhantes, if you’re in for a penny… (ou
seja, você deve terminar o trabalho mesmo que seja mais complicado do que você
imaginava em tradução livre).
Faixas: In For A Penny, In For A Pound (Opening); Ceroepic
(For Drums And Percussion); Dosepic (For Cello); Off The Prompt Box (Exordium);
Tresepic (For Trombone And Tuba); Unoepic (For Guitar).
Músicos: Henry Threadgill: saxofone alto, flauta, flauta
baixo; Jose Davila: trombone, tuba; Liberty Ellman: guitarra; Christopher
Hoffman: violoncello; Elliot Humberto Kavee: bateria, percussão.
Fonte: Britt Robson (JazzTimes)
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