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domingo, 3 de setembro de 2017

MATTHEW SHIPP QUARTET – OUR LADY OF THE FLOWERS (Rogueart Records)



“Our Lady Of The Flowers”, intitulado em homenagem ao escritor francês Jean Genet, constitui o segundo disco do “Declared Enemy”, um familiar quarteto convocado pelo pianista Matthew Shipp. Nesta associação fragmentada, os participantes compartilham um pouco de história juntos. Como resultado eles movem-se como uma máquina finamente sintonizada com partes bem azeitadas ao longo do programa de nove faixas creditadas ao pianista, mas qualquer coisa soa como um grupo de invenções.

E estas partes são magníficas. O baterista Gerald Cleaver cria uma pulsação moderna de interligações de linhas a partir de elementos díspares de seu ferramental, enquanto o baixista William Parker especializa-se em momentos de ferocidade, fermentada por ocasional serenata melódica. Shipp apresenta seu estilo absolutamente distinto, com motivos inoportunos e  proeminentes, embora ele domine em suas costumeiras explosões. Preenchendo a banda nas palhetas, Sabir Mateen gera uma evidente carga emocional através de suas incursões em altíssimos registros.

Com ideias familiares de outras sessões, Shipp varia a instrumentação entre as faixas, resultando em cinco completos números de quarteto, um de trio, dois de duetos e um solo. Parker engaja-se na complicada "Silence Blooms", desacompanhado. Em "New Tension" a dinâmica vem mais conversacional, com o dueto mercurial entre Shipp e o clarinete de Mateen, que está etéreo, lamuriante e relaxado. Porém, este não é o único plano de jogo aqui. Em outras partes uma abordagem levemente distinta manifesta, tal como em "Irrational", o dueto entre Shipp e Cleaver assemelha-se a um par de monólogos paralelos.

A escolha sustenta-se na experiência antes do que em qualquer déficit de comunicação. É alguém que faz isto de forma natural, ainda que com sofisticadas performances nas quais ninguém aborrece injustificadamente em relação à competição ou espelho. O consequente senso de dissonância criativa permeia o álbum. Mesmo que as peças do quarteto tendam a concentrar cada um, evidencia-se a adoção de permissão de bastante espaço para cada um, sem comprometer suas próprias direções. Ouçam Shipp por trás de Mateen em "Atomic Note". Complementando, não há qualquer lugar próximo a descrever a complexidade do que o pianista está fazendo, considerando, apenas, as contribuições de Cleaver e Parker.

O próprio Mateen gera uma fluente e excitante corrente de consciência, na qual ele, às vezes, insere blues com toques modulados para relançar suas exortações, como uma agitada e dançante "Gasp". Um momento que adoravelmente resulta em balada como "A Different Plane" quando, após sua expressão em vibrato carregado pelo tenor em espirituoso diálogo como o piano de Shipp, ele desfruta uma passagem em falsete, que finalmente cai através da clave de sol.

"From The Beyond" começa com um tête-à-tête entre o arco de Parker e o tenor de Mateen, antes que o premente toque do baixista suingue, primeiro, abrir uma tatuagem na bateria, e então o esmurrar de Shipp incita o saxofonista a um poderoso encantamento. A peça encerra com uma repetição extensa do baixo e da bateria, até finalmente o uso do arco de Parker encontrar-se sozinho. É apenas um exemplo entre muitos da completa potência do free jazz, que caracteriza este trabalho.

Faixas: Atomic Note; New Tension; A Different Plane; From the Beyond; Silence Blooms; Irrational; Our Lady of the Flowers; Gasp; Cosmic Joke.

Músicos: Matthew Shipp: piano; Sabir Mateen: saxofone tenor, clarinete; William Parker: baixo; Gerald Cleaver: bateria.

Fonte: John Sharpe AllAboutJazz)


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