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domingo, 29 de outubro de 2017

JOHN SWANA – BRIGHT MOMENTS (Criss Cross)



Simplesmente coloco, este álbum é bastante audível e se sobressai notavelmente entre os numerosos CDs que recentemente resenhei, que eu penso que os leitores de All About Jazz devem saber sobre ele. Eu primeiro escutei o trompetista John Swana uma década ou mais atrás, quando ele atuou com o pianista Tom Lawton em um longo e memorável trabalho com o destacado e falecido baixista Al Stauffer no Four Seasons Hotel na Fiiladélfia. Eu fiquei intimidado com a clareza de Swana, sustentada em uma entonação sem vibrato e linha lúcidas onde cada nota sente-se perfeitamente em seu lugar. Ele é verdadeiramente um músico dos músicos. Em algum momento ao longo do seu caminho desde aquele tempo, Swana experimentou um problema no lábio que o forçou a abandonar o trompete. Que tristeza!. Porém, breve ele estava tocando com a mesma clareza no trombone de válvula e fazendo algumas memoráveis improvisações no EVI (em inglês, Instrumento eletrônico de válvula). Porém, eu não concebia o quanto eu deixaria escapar seu toque no trompete, até, recentemente, ouvir este inspirado álbum.

Nesta gravação, todas as coisas vêm juntas quase sem emendas. Os instrumentistas estão em agradável sintonia com cada um, e a engenharia possibilita um som em alta definição, adequada colocação dos músicos, e presença realística. Porém, o que realmente arrebata o ouvinte é a forma como a música resume e amplifica o estilo hard bop do final dos anos 1950. Há vezes quando você tem que fazer uma tomada dupla e para fazer isto não é o Jazz Messengers de Art Blakey que você está ouvindo. Não é uma imitação, mas tem o controle, a capacidade artística e um arco de fraseado do grupo de Blakey no topo da forma. Ecos de seguidores de Blakey, inovadores do hard bop, tais como o trompetista Lee Morgan, o saxofonista tenor Benny Golson, o pianista Bobby Timmons e o baixista Jymie Merritt podem ser ouvidos ao longo do trabalho.

Longe de ser uma cópia carbono, o quinteto de Swana invoca seus próprios passos seguros, com exaltação. O título do álbum “Bright Moments” descreve o impulso e entusiasmo de músicos que são virtuosos em seu próprio curso e estão seguros e confortáveis entre si. Como o crítico Michael Nastos notou em sua crítica na AllMusic, "Swana não está olhando muito para trás, bem como está mantendo o fogo tradicional queimando ". Uma dedução poderia ser feita   sobre o hard bop originado com os músicos da Filadélfia. E "Bright Moments" deve ser uma referência para a falecida e notável organista Trudy Pitts, filadelfiana, que assinou todas as cartas e emails desta forma.

As faixas, menos uma, "Everything I Have is Yours" são composições de Swana, ainda que cada uma soe familiar, porque cada uma está perfeitamente ajustada para uma improvisação com linhas hard bop. Swana transita entre o trompete e o flugelhorn, este último dando uma sonoridade mais suave à la Art Farmer, e os dois saxofonistas tenor (Eric Alexander e Grant Stewart) espelha esta dualidade: Stewart tem um som mais brilhante e pontuado, enquanto Alexander está mais gutural e mais sustentado, especialmente em registros mais baixos.

O trabalho inicia com "Wilbert" de Swana, apresentando o seguro comando do baterista Kenny Washington e uma melodia bebop tocada pelo trompete pontuada pela banda em um tipo de arranjo que Blakey gostava de usar. Alexander providencia o solo de tenor à la Golson seguido por um solo à la Coltrane de Stewart. "Chillin' Out" oferece uma leve e brilhante melodia animada sustentada pelo trompete e pelo sax tenor. David Hazeltine vem com uma simples linha no piano solo, e você pode escolher se lhe lembra Kenny Drew ou Wynton Kelly. O solo de Swana nesta música é um exemplo de sua cuidadosa concepção de linhas em cada nota, que estão exatamente onde deveriam. A música poderia ter sido escrita por Golson ou seu amigo Jimmy Heath, e os solos de saxofone estão diretos lá com ele. A batida levemente suingante em "Road Trippin'" dá aos músicos a oportunidade de tomar vigorosamente solos extensos.

"Ferris Wheel" é uma canção interessante que que gira em torno de si mesma. Swana adiciona um espírito melancólico com seu solo. A peça é levemente dissonante e parece lamentar um momento no qual tudo está bem, exceto algo está ausente, talvez um amante. "Shrack's Corner II" é um R&B em lado suave, semelhante, porém mais reservado que "Sidewinder" de Lee Morgan. Swana toca suave da maneira que Morgan deveria ter feito após uma relaxante piscina e sauna. Os vários solos brincam com as inflexões do bebop para a música.

O vigoroso, suingante passo com tempo dobrado da canção título, "Bright Moments", dá a Swana ampla oportunidade para exibir sua fantástica habilidade para pensar seu andamento. As numerosas notas estão perfeitamente colocadas e compassadas, com rara sutileza. Alexander (ou é Stewart?) toca com intervalos à maneira de Sonny Rollins. "Inevitable Encounter" é uma espécie de ensaio musical ou conversação, perguntando "what's going on here? Let's find out (Em tradução livre: O que está acontecendo aqui? Descubra) ".

O standard de Burton Lane, "Everything I Have is Yours" é feito como uma balada tradicional com algum interessante bloco de acordes do piano com pontuações de Hazeltine. E "KD" segue como uma desfrutável e relaxada canção.

"Open Highway" é um divertido e saltitante número que poderia facilmente ter sido escrita por Clifford Brown, e o arranjo tem um toque de Tadd Dameron sobre ele. O trabalho de piano de Hazeltine, aqui, é um livro escolar do hard bop. O trabalho encerra com "Schracks Corner I", que soa como um R&B familiar, e poderia ter sido plagiado. Irrompe dentro de uma forma estritamente hard bop, mas o solo de saxofone de Alexander toca, às vezes, como se fosse modal, oferecendo alusões de desenvolvimento post-bop.

As músicas de Swana neste álbum deveriam ter sido arrebatadas pelos músicos de jazz durante os anos 1950 e início dos anos sessenta. Para músicos criativos, o tempo procede em espirais preferencialmente em vez de uma linha reta, e aqui nós temos um exemplo de alcance do passado em disposição de se manter no momento e projetar o futuro. Esta gravação é uma joia, e a série de gravações da Criss Cross com Swana como líder merece um lugar permanente nos anais do jazz. Eles exibem o grande valor da conexão de Europa-América, que tem sempre cultivado o jazz, neste caso a gravadora holandesa parece tomar o jazz mais seriamente como uma arte educada que a maioria dos selos norte-americanos. 

Faixas: Wilbert; Chillin’ Out; Road Trippin’; Ferris Wheel; Shrack’s Corner II; Bright Moments; Inevitable Encounter; Everything I Have is Yours (Burton Lane); KD; Open Highway; Schracks Corner I.

Músicos: John Swana: trompete, flugelhorn: Eric Alexander, Grant Stewart: saxofones tenor; David Hazeltine, piano; Peter Washington: baixo; Kenny Washington: bateria.

Fonte: Victor L. Schermer (AllAboutJazz)

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