Simplesmente coloco, este álbum é bastante audível e se
sobressai notavelmente entre os numerosos CDs que recentemente resenhei, que eu
penso que os leitores de All About Jazz
devem saber sobre ele. Eu primeiro escutei o trompetista John Swana uma década
ou mais atrás, quando ele atuou com o pianista Tom Lawton em um longo e
memorável trabalho com o destacado e falecido baixista Al Stauffer no Four Seasons Hotel na Fiiladélfia. Eu
fiquei intimidado com a clareza de Swana, sustentada em uma entonação sem
vibrato e linha lúcidas onde cada nota sente-se perfeitamente em seu lugar. Ele
é verdadeiramente um músico dos músicos. Em algum momento ao longo do seu
caminho desde aquele tempo, Swana experimentou um problema no lábio que o
forçou a abandonar o trompete. Que tristeza!. Porém, breve ele estava tocando
com a mesma clareza no trombone de válvula e fazendo algumas memoráveis
improvisações no EVI (em inglês, Instrumento eletrônico de válvula). Porém, eu
não concebia o quanto eu deixaria escapar seu toque no trompete, até,
recentemente, ouvir este inspirado álbum.
Nesta gravação, todas as coisas vêm juntas quase sem emendas.
Os instrumentistas estão em agradável sintonia com cada um, e a engenharia
possibilita um som em alta definição, adequada colocação dos músicos, e
presença realística. Porém, o que realmente arrebata o ouvinte é a forma como a
música resume e amplifica o estilo hard
bop do final dos anos 1950. Há vezes quando você tem que fazer uma tomada
dupla e para fazer isto não é o Jazz
Messengers de Art Blakey que você está ouvindo. Não é uma imitação, mas tem
o controle, a capacidade artística e um arco de fraseado do grupo de Blakey no
topo da forma. Ecos de seguidores de Blakey, inovadores do hard bop, tais como
o trompetista Lee Morgan, o saxofonista tenor Benny Golson, o pianista Bobby
Timmons e o baixista Jymie Merritt podem ser ouvidos ao longo do trabalho.
Longe de ser uma cópia carbono, o quinteto de Swana invoca
seus próprios passos seguros, com exaltação. O título do álbum “Bright Moments”
descreve o impulso e entusiasmo de músicos que são virtuosos em seu próprio
curso e estão seguros e confortáveis entre si. Como o crítico Michael Nastos
notou em sua crítica na AllMusic,
"Swana não está olhando muito para trás, bem como está mantendo o fogo
tradicional queimando ". Uma dedução poderia ser feita sobre o hard
bop originado com os músicos da Filadélfia. E "Bright Moments" deve
ser uma referência para a falecida e notável organista Trudy Pitts,
filadelfiana, que assinou todas as cartas e emails desta forma.
As faixas, menos uma, "Everything I Have is Yours"
são composições de Swana, ainda que cada uma soe familiar, porque cada uma está
perfeitamente ajustada para uma improvisação com linhas hard bop. Swana transita entre o trompete e o flugelhorn, este
último dando uma sonoridade mais suave à la Art Farmer, e os dois saxofonistas tenor
(Eric Alexander e Grant Stewart) espelha esta dualidade: Stewart tem um som
mais brilhante e pontuado, enquanto Alexander está mais gutural e mais sustentado,
especialmente em registros mais baixos.
O trabalho inicia com "Wilbert" de Swana,
apresentando o seguro comando do baterista Kenny Washington e uma melodia bebop
tocada pelo trompete pontuada pela banda em um tipo de arranjo que Blakey gostava
de usar. Alexander providencia o solo de tenor à la Golson seguido por um solo
à la Coltrane de Stewart. "Chillin' Out" oferece uma leve e brilhante
melodia animada sustentada pelo trompete e pelo sax tenor. David Hazeltine vem
com uma simples linha no piano solo, e você pode escolher se lhe lembra Kenny
Drew ou Wynton Kelly. O solo de Swana nesta música é um exemplo de sua
cuidadosa concepção de linhas em cada nota, que estão exatamente onde deveriam.
A música poderia ter sido escrita por Golson ou seu amigo Jimmy Heath, e os
solos de saxofone estão diretos lá com ele. A batida levemente suingante em "Road
Trippin'" dá aos músicos a oportunidade de tomar vigorosamente solos
extensos.
"Ferris Wheel" é uma canção interessante que que
gira em torno de si mesma. Swana adiciona um espírito melancólico com seu solo.
A peça é levemente dissonante e parece lamentar um momento no qual tudo está
bem, exceto algo está ausente, talvez um amante. "Shrack's Corner II"
é um R&B em lado suave, semelhante, porém mais reservado que
"Sidewinder" de Lee Morgan. Swana toca suave da maneira que Morgan deveria
ter feito após uma relaxante piscina e sauna. Os vários solos brincam com as
inflexões do bebop para a música.
O vigoroso, suingante passo com tempo dobrado da canção
título, "Bright Moments", dá a Swana ampla oportunidade para exibir
sua fantástica habilidade para pensar seu andamento. As numerosas notas estão
perfeitamente colocadas e compassadas, com rara sutileza. Alexander (ou é Stewart?)
toca com intervalos à maneira de Sonny Rollins. "Inevitable
Encounter" é uma espécie de ensaio musical ou conversação, perguntando "what's
going on here? Let's find out (Em tradução livre: O que está acontecendo aqui?
Descubra) ".
O standard de
Burton Lane, "Everything I Have is Yours" é feito como uma balada
tradicional com algum interessante bloco de acordes do piano com pontuações de Hazeltine.
E "KD" segue como uma desfrutável e relaxada canção.
"Open Highway" é um divertido e saltitante número
que poderia facilmente ter sido escrita por Clifford Brown, e o arranjo tem um
toque de Tadd Dameron sobre ele. O trabalho de piano de Hazeltine, aqui, é um
livro escolar do hard bop. O trabalho
encerra com "Schracks Corner I", que soa como um R&B familiar, e
poderia ter sido plagiado. Irrompe dentro de uma forma estritamente hard bop, mas o solo de saxofone de Alexander
toca, às vezes, como se fosse modal, oferecendo alusões de desenvolvimento post-bop.
As músicas de Swana neste álbum deveriam ter sido
arrebatadas pelos músicos de jazz durante os anos 1950 e início dos anos
sessenta. Para músicos criativos, o tempo procede em espirais preferencialmente
em vez de uma linha reta, e aqui nós temos um exemplo de alcance do passado em
disposição de se manter no momento e projetar o futuro. Esta gravação é uma
joia, e a série de gravações da Criss
Cross com Swana como líder merece um lugar permanente nos anais do jazz. Eles
exibem o grande valor da conexão de Europa-América, que tem sempre cultivado o jazz,
neste caso a gravadora holandesa parece tomar o jazz mais seriamente como uma
arte educada que a maioria dos selos norte-americanos.
Faixas: Wilbert; Chillin’ Out; Road Trippin’; Ferris Wheel;
Shrack’s Corner II; Bright Moments; Inevitable Encounter; Everything I Have is
Yours (Burton Lane); KD; Open Highway; Schracks Corner I.
Músicos: John Swana: trompete, flugelhorn: Eric Alexander,
Grant Stewart: saxofones tenor; David Hazeltine, piano; Peter Washington:
baixo; Kenny Washington: bateria.
Fonte: Victor L. Schermer (AllAboutJazz)
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