De volta a 2013, os renomados saxofonistas George Garzone e
Jerry Bergonzi gravaram um álbum juntos, que foi lançado em 2014 pelo selo
dinamarquês Stunt. O nome do álbum era
“Quintonic” e soava apenas como algo que devia ser esperado: música maravilhosa
com sopros feéricos, canções suingantes, firme balanço e rotações afiadas,
reviravoltas e momentos líricos. Eles gravaram com músicos dinamarqueses, o pianista
Carl Winther e o baterista Anders Mogensen, além do baixista finlandês Johnny
Åman.
Agora vem “Splitting Up In Boston”, outro álbum com Garzone e
Bergonzi, ainda que lançado após “Quintonic”, precede a gravação em um ano. O álbum
foi gravado em Dezembro de 2012 em Boston. O baixista dinamarquês Richard
Andersson arranjou uma sessão em maratona com dois saxofonistas e a percussão
mágica de Rakalam Bob Moses e agora, após três anos, o resultado está
finalmente aqui e não soa como qualquer álbum seria esperado, e ainda tem
inconfundível ponto alto nos dois titãs do sax tenor.
A ausência de piano permite mais espaço na música e ainda
que Moses seja capaz de invocar espíritos em uma chuva completa na floresta de
estranhos sons percussivos, ele não domina a sessão, mas adiciona uma riqueza
de texturas. O próprio Andersson transita entre simples canções tristes,
meramente puxando as cordas para deixá-las ressoar no ar, e complexas
configurações no baixo. "Don't get too close" é tocada como um solo
de baixo e é um estudo no uso do espaço e desenvolvimento de temas fundamentais.
A música é original e complicada, mas ainda assim, acessível,
e as melódicas frases musicais repetidas emergem em "I see us more as
friends", que é preenchida com júbilo e vitalidade. Não há uma catarse
completa, providenciada por Garzone com The
Fringe ou hard-bop intelectual que é bastante capaz de fazer, mas em vez
disto há algo mais. Juntos com Andersson e Moses, Garzone e Bergonzi reduzem a
velocidade e abrem caminho para novos sons dos seus instrumentos. Por instante,
eles encontram frequentes nuances em "If you'll weep I'll cry", onde
eles também tocam algumas linhas genuinamente suingantes. O álbum é
simplesmente uma enciclopédia de sonoridades do saxofone.
A faixa final é chamada "Let's delay our goodbye" e
uma sequência com mais música da mesma sessão está planejada. O tempo dirá se
será necessário outros três anos para completar o próximo álbum, mas não há
nenhuma dúvida que “Splitting Up In Boston” valeu a espera.
Faixas: May I come in?; I won't be long; Dot; If you scratch
my back I'll scratch yours; Don't get too close; I see us more as friends; If
you weep I'll cry; No one said it would be easy; Let's delay our goodbye.
Músicos: George Garzone: saxofone; Jerry Bergonzi: saxofone;
Ra-Kalam Bob Moses: bateria e percussão; Richard Andersson: baixo.
Fonte: Jakob Baekgaard (AllAboutJazz)
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