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terça-feira, 28 de novembro de 2017

ROOTS MAGIC – HOODOO BLUES (Clean Feed Records)



As notas contam-nos que “esta música significa traçar uma linha em algum lugar entre a tradição do Blues e o Creative Jazz. A linguagem original e o moderno dialeto da Música Negra”. Este é firmemente um novo conceito, claro que a AACM tem feito isto há 50 anos, e é um conhecimento comum que muitos dos nossos mais influentes improvisadores free afiam seus dentes nos contextos do R&B e blues e nunca abandonaram estas raízes, não importa quão distantes eles, finalmente, tenham ido. 

Porém, se a gravação desta banda completamente italiana não é tão visionária quanto sua proposição clama, é ainda satisfatória. Funciona através de artistas que vão de Charley Patton e Blind Willie Johnson através de John Carter, Sun Ra, Olu Dara, Julius Hemphill e Phil Cohran são apresentados, com contribuições da Roots Magic, o baixista Gianfranco Tedeschi e o saxofonista alto Errico DeFabritiis. Nos destaques estão inclusos uma reelaboração de “Dark Was the Night” de Johnson, apresentando Tedeschi e DeFabritiis imersos em um miasma de um tropel de fantasmas, ressoam e lamentam a partir do percussionista Fabrizio Spera e o clarinetista Alberto Popolla; o júbilo hispano-funk de “Unity”  de Cohran, na qual a entonação sibilante de Popolla nas declamações evocam Sábado à noite e Domingo pela manhã com igual fervor e uma justaposição entre regozijo aguçado do caos e uma introspecção nuançada de melancolia em “The Joint Is Jumping” Tedeschi. Ecos de artistas como Archie Shepp, Albert Ayler, Eric Dolphy, Jimmy Garrison, Henry Grimes e outros ressoam ao longo do trabalho, mas eles são efetivamente reimaginados e recontextualizados.

“Hoodoo Blues”, entretanto, cresce em algumas tormentosas emissões. Tão dedicada e completa esta banda é, que eles parecem seguir os africanistas, tradições e espiritual iconografia com irresistível tranquilidade, quase como se eles as reivindicasse como próprias deles. Indubitavelmente, esta não é a intenção. Entretanto, pode haver uma linha muito fina entre a homenagem e a apropriação cultural.

Faixas: The Hard Blues; Unity; The Sunday Afternoon Jazz and Blues Society; Blues for Amiri B.; Dark Was the Night; A Call for All Demons; Poor Me; The Joint Is Jumping; I Can't Wait Till I Get Home; The Sunday Afternoon Jazz and Blues Society (tomada alternativa).

Músicos: Alberto Popolla: clarinete; Errico Defabritiis: sax alto; Gianfranco Tedeschi: contrabaixo; Fabrizio Spera: bateria; convidado: Luca Venitucci: orgão, melódica, cítara amplificada.

Fonte: David Whiteis (JazzTimes)

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