As notas contam-nos que “esta música significa traçar uma
linha em algum lugar entre a tradição do Blues e o Creative Jazz. A linguagem original e o moderno dialeto da Música
Negra”. Este é firmemente um novo conceito, claro que a AACM tem feito isto há
50 anos, e é um conhecimento comum que muitos dos nossos mais influentes
improvisadores free afiam seus dentes
nos contextos do R&B e blues e nunca abandonaram estas raízes, não importa
quão distantes eles, finalmente, tenham ido.
Porém, se a gravação desta banda completamente italiana não
é tão visionária quanto sua proposição clama, é ainda satisfatória. Funciona
através de artistas que vão de Charley Patton e Blind Willie Johnson através de
John Carter, Sun Ra, Olu Dara, Julius Hemphill e Phil Cohran são apresentados, com
contribuições da Roots Magic, o baixista
Gianfranco Tedeschi e o saxofonista alto Errico DeFabritiis. Nos destaques estão
inclusos uma reelaboração de “Dark Was the Night” de Johnson, apresentando Tedeschi
e DeFabritiis imersos em um miasma de um tropel de fantasmas, ressoam e
lamentam a partir do percussionista Fabrizio Spera e o clarinetista Alberto
Popolla; o júbilo hispano-funk de “Unity”
de Cohran, na qual a entonação sibilante de Popolla nas declamações
evocam Sábado à noite e Domingo pela manhã com igual fervor e uma justaposição
entre regozijo aguçado do caos e uma introspecção nuançada de melancolia em “The
Joint Is Jumping” Tedeschi. Ecos de artistas como Archie Shepp, Albert Ayler,
Eric Dolphy, Jimmy Garrison, Henry Grimes e outros ressoam ao longo do trabalho,
mas eles são efetivamente reimaginados e recontextualizados.
“Hoodoo Blues”, entretanto, cresce em algumas tormentosas
emissões. Tão dedicada e completa esta banda é, que eles parecem seguir os
africanistas, tradições e espiritual iconografia com irresistível tranquilidade,
quase como se eles as reivindicasse como próprias deles. Indubitavelmente, esta
não é a intenção. Entretanto, pode haver uma linha muito fina entre a homenagem
e a apropriação cultural.
Faixas: The Hard Blues; Unity; The Sunday Afternoon Jazz and
Blues Society; Blues for Amiri B.; Dark Was the Night; A Call for All Demons;
Poor Me; The Joint Is Jumping; I Can't Wait Till I Get Home; The Sunday
Afternoon Jazz and Blues Society (tomada alternativa).
Músicos: Alberto Popolla: clarinete; Errico Defabritiis: sax
alto; Gianfranco Tedeschi: contrabaixo; Fabrizio Spera: bateria; convidado:
Luca Venitucci: orgão, melódica, cítara amplificada.
Fonte: David Whiteis (JazzTimes)
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