A pianista e compositora Amina Figarova é verdadeiramente
uma cidadã do mundo. Nascida e criada no Azerbaijão, ela foi para a Holanda nos
anos 80 para estudar no Rotterdam
Conservatory, e depois foi para Boston em 1989 para continuar seus estudos
em Berklee. “Blue Whisper” é sua 12ª gravação como líder, mas sua primeira com
uma banda composta primariamente por músicos residentes nos Estados Unidos.
Ao lado de Bart Platteau (seu marido), os únicos remanescentes da sua excelente
banda holandesa, Ernie Hammes e Marc Mommaas, só atuam em poucas faixas. A
despeito da mudança dos músicos, a identidade de Figarova como compositora e
pianista permanece intacta em “Blue Whisper”. Embora ela lidere uma
relativamente banda grande capaz de explodir através de suas composições
expressivas de post-bop à la Art Blakey ou Horace Silver, Figarova opta por uma
abordagem diferente e multimatizada. Suas composições são sutis e melodiosas e
frequentemente demandam uma medida de restrição dos solistas. Seus arranjos são
caracterizados por uma delicada organização dos instrumentos e vozes, com a
marcante flauta de Platteau liderando a linha de frente.
Apenas, consistentemente, entretanto, “Blue Whisper” suinga
firme. Não para tirar qualquer coisa do excelente baterista de Figarova, Chris
"Buckshot" Strik, mas o toque de Jason Brown em “Blue Whisper” é
simplesmente maravilhoso. Brown é um dos da nova geração de bateristas —
rapazes como Marcus Gilmore, Tyshawn Sorey e Makaya McCraven— que estão
correntemente se estabelecendo no mundo do jazz em sua coletiva percepção. Aqui,
seu toque é maravilhosamente sutil. A suavidade de Brown, quase como uma
cadência de marcha na faixa título, uma elegíaca balada, é perfeita. A canção
precisa de algo mais do que escovinhas, mas uma lenta batida de rock não
poderia funcionar tampouco. Ele brilha particularmente em duas peças
dissimuladamente funkeadas, "The Traveler" e "The Hustler",
que parece quase elaborada para a dinâmica e abordagem polirrítmica de Brown. Como
Sorey e Nasheet Waits, Brown tem um toque brilhante, que lhe permite tocar um
pouco mais ativamente que os bateristas de mãos pesadas. Ele se completa bem
com os baixistas. Os outros novos instrumentistas na linha de frente são maduros
profissionais. A grande entonação do saxofonista tenor Wayne Escoffery e o ágil
trompetista Alexander Pope Norris dispensam moda estelar, como seria de se
esperar.
Figarova e Platteau estão em excelente forma em “Blue
Whisper”. Uma solista econômica e centrada na melodia, Figarova está melhor
quando improvisa nas baladas. Seus solos em "Hewa" (lindamente
assistida pela vocalização sem palavras de Sarah Charles) e
"Moonrise" são particularmente evocativos. Ainda, ela apresenta uma similar
espécie de encanto em "The Traveler" e a agitada "Moving
Upwards" uma das mais complexas e intricadas peças está adequada para ela gravar.
Além de uma linha de frente com um sabor distinto, Platteau ganha um ângulo
pleno para um campo improvisador. Ele segue comovente toque do guitarrista
convidado, Anthony Wilson, com uma particularmente rica improvisação de sua "Pictures."
“Blue Whisper” é um poderoso trabalho de jazz tradicional
acústico. Distante de um evento rotineiro, Figarova apimenta o disco com uma plenitude
de curvas— tal como recitação em "Hear My Voice"— que manterá os
ouvintes nas pontas dos pés.
Faixas: Blue Whisper; Moving Upwards; Hear My Voice; The
Hustler; Pictures; Marians; The Traveler; Moonrise; Juno; Hewa.
Músicos: Amina Figarova: piano; Bart Platteau: flautas; Alex
Pope Norris (1- 7,9-10), Ernie Hammes (8): trompete; Marc Mommaas (3-6, 8,10),
Wayne Escoffery (1-2, 7,9): saxofone tenor; Luques Curtis (1-3, 5,7,9-10),
Yasushi Nakamura (4,6,8): baixo; Jason Brown: bateria; Anthony Wilson: guitarra
(5); Sarah Elisabeth Charles: vocal (10); Salhiya Bilal Tumba, Shamiyl Bilal
Tumba: recitação (3).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
Fonte: Dave Wayne (AllAboutJazz)
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