Chris Potter no saxofone, Lionel Loueke na guitarra, Dave
Holland no baixo, Eric Harland na bateria … siga em frente, chame Aziza um supergrupo. O que seria uma
coisa a ser feita nos anos 70, e este, ao menos em alguns níveis, é muito anos 70.
Na sua energia, sua complexidade e sua ousadia, ele traz à mente vários outros
supergrupos que cresceu na esteira da transição eletrônica de Miles Davis: o
Tony Williams Lifetime, Weather Report, Return to Forever e Mahavishnu Orchestra.
A emocionante “Blue Sufi” composta por Potter, é um perfeito
caso sob análise. Uma série vertiginosa de frases musicais em uníssono com um
pronunciado sabor Indo-Arábe, tocada em medidas alternativas de 7/8 e 6/8, lidera
uma longa e furiosa seção de improvisação na qual os músicos estão claramente
cônscios do tempo, parecendo flutuando sobre ele. Em seu solo, Loueke utiliza
habilmente o wah-wah, estabelecendo
com o seu pedal Whammy a impressão de
estar duplicando com um órgão Hammond. Basicamente, ele está fazendo John
McLaughlin e Larry Young ao mesmo tempo.
Notem, entretanto, que um membro desta banda que é idoso o
bastante para ter tocado nos supergrupos anteriormente mencionados, Holland não
o fez. Em vez disto ele passou os anos 70 fazendo álbuns como “Conference of the
Birds” e “Gateway”: material mais sutil, largamente destituído do impulso comum
da era fusion para incrementar
audiências e outros músicos. Assim é com “Aziza”. Não há um momento neste álbum
que pareça que foi intencional para impressionar qualquer pessoa. São
simplesmente quatro soberbos músicos reunindo-se para fazer os que eles têm de
melhor.
Também aparece na base da lista das faixas, ao menos, para
ser verdadeiramente um empreendimento democrático. Cada membro do grupo tem,
precisamente, o crédito em duas composições. Porém, verdade seja dita, cada
faixa soa como um produto de um grupo em mente. A densidade do estilo
polirrítmico da África Ocidental é que entrelaça o jeito deles em “Summer 15”
de Potter e “Finding the Light” de Holland tem as digitais de Loueke ao longo
dela. A abertura inspirada no funk, “Aziza Dance”, é de Loueke, mas Harland põe
em prática seu agitado balanço tão espertamente, que você pensará que foi ele
que a compôs. De fato, ele contribui com as duas composições mais calmas aqui, “Aquila”
e “Friends”, que passaria facilmente com canções de Holland.
A propósito, “a maioria tranquila” não é o mesmo que “sedada”.
Mesmo aquelas duas músicas, que iniciam suaves, constroem maiores picos com acordes
brilhantes de Loueke, e as notas irrompem nos modelos vindos de Potter. Se você
está buscando por algo para descontrair, por favor siga adiante.
A menos tranquila faixa em “Aziza” é a que encerra o álbum,
“Sleepless Night” de Loueke. O toque afiado do guitarrista na introdução, que
traz à mente o grupo do Mali, Tinariwen,
dá um caminho para fixar a liderança que instigam Potter e Loueke a trocarem
uma série de grupos de absolutamente firmes oitavas. Ou nonas, ou
décimas-primeiras ou alguma coisa – Eu devo confessar que mesmo depois de ouvir
cinco vezes, eu ainda não estou 100% seguro em que tempo esta peça está. Não
importa. Você não tem que “mastigar” os números para sentir o furor da música.
Faixas:
Aziza Dance; Summer 15; Walkin' The Walk; Aquila; Blue Sufi; Finding The Light;
Friends; Sleepless Night.
Músicos: Chris Potter: saxofones tenor e, soprano; Lionel
Loueke: guitarra, vocal; Dave Holland: baixo; Eric Harland: bateria.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo abaixo:
Fonte: Mac Randall (JazzTimes)
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