Em um dos mais fascinantes lançamentos do ano, há um grande
acontecimento em “In the Moment” do baterista Makaya McCraven. Suas 19 faixas
vêm da sua estadia no clube de Chicago, the
Bedford. Todas as faixas, exceto três, estão abaixo de cinco minutos (nove
estão abaixo de três minutos), e todas, menos uma, são firmemente editadas com loops e duplicações, geralmente resultando
em camadas de acompanhamentos improvisados modais.
Porém, não são acompanhamentos estáticos: McCraven, o vibrafonista
Justin “Justefan” Thomas e um dos três baixistas (Matt Ulery, Junius Paul e
Joshua Abrams) desenvolvem modelos melódicos; recicla-os, às vezes, com
variações e os move para um novo patamar (Às vezes estes modelos são sem formas,
como nos bordões de “Quartz”). Isto é igualmente verdade para a faixa não
editada, “First Thing First”, na qual os tempos e ânimos mudam, embora tragam
repetições constantes. Embora ele possa e suínga firme, McCraven tende a se
apropriar dos balanços do hip-hop, visto que suas técnicas emulam o uso de
prato de toca-discos. Em “Lonely”, o trompetista Marquis Hill e o guitarrista
Jeff Parker assemelham-se a um refrão rap,
e os circuitos do álbum apresentam audiência que podem (como em “Just Stay
Right There”) tomar as cadências de um MC.
O que isto faz é interrogar as mais básicas suposições sobre
o jazz. Diversas faixas incluem fragmentos da promissora “composição espontânea”
de McCraven, um lembrete de que a parte principal desta música é alguma coisa espontaneamente
composta. Como, então, fazer jazz diz respeito a improvisação e predeterminação?
Como fazer zombaria de formas compostas que são, entretanto, desenvolvidas
improvisadamente, como em porção apreciável na música clássica? Ou com o hip-hop,
que situa preparação e improvisação em tensão similar? Por que McCraven
privilegia a guitarra de Parker em ao menos dois instantes (“Lonely” e
“TomTom”) e é permitido construir uma improvisação linear? Estas são questões
importantes e a espontaneidade em “In the Moment” demanda que eles façam um
valioso documento.
Faixas: Exploration Intro; The Jaunt; Slightest Right; First
Thing First; Lonely; Gnawa; On the Spot; Butterscotch; TomTom; Three Fifths a
Man; In the Moment; Quartz; Just Stay Right There; Untitled; Requests; Time
Travel; The Encore; The Drop; Finances.
Músicos: Makaya McCraven: bateria, batidas, loops & overdubs; Matt Ulery: baixos acústico e elétrico; Marquis Hill:
trompete; Junius Paul: baixos acústico e elétrico; Justefan: vibrafone; Jeff
Parker: guitarra; Joshua Abrams: baixo; De’Sean Jones: saxofone tenor; Tony
Barba: saxofone tenor e eletrônica; Dave Vettraino: engenharia
.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
Fonte: Michael J. West (JazzTimes)
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