Talvez mais que outro moderno compositor de jazz, Charles
Mingus apresenta um desafio para qualquer um tentar um álbum tributo. Sua
perspicácia, profundidade musical e personalidade maior que a vida, tudo
decomposto dentro da sua escrita, fazendo sua música difícil de fazer justiça. Não
que seja impossível, “Weird Nightmare”, o tributo dirigido por Hal Willner em 1992,
apresentou um arrojado grupo e o utilizou os instrumentos do excêntrico
compositor Harry Partch, e na maior parte foi bem-sucedido, a despeito da sua
natureza superabundante. “Orange Was the Color” um álbum em dueto do cornetista
Kirk Knuffke e do pianista Jesse Stacken de 2011, ficou preso aos trabalhos
mais melódicos de Mingus.
Ku-umba Frank Lacy compreende os desafios do território e
aposta mais alto elaborando um trabalho completo vocal das músicas de Mingus, um
gênero que o baixista, fundamentalmente, não atuou. Normalmente um trombonista
como Lacy tem a voz ideal para este programa, combinando uma sinceridade
empedrada (e um pouco de ceceio) com qualidade rica e profunda que adiciona drama
aos momentos mais pesados. O retorno da Mingus
Big Band, da qual Lacy é uma base, assegura que os arranjos carregam a
marca do compositor. A banda usa os arranjos originais de Mingus ou aqueles
longamente associados a Sy Johnson.
As letras vêm de diversas fontes. “Weird Nightmare”,
“Eclipse” e “Portrait” seria familiar ao estilo de Mingus, e Lacy as apresenta
em suas ciladas poéticas. Sue Mingus escreveu a letra de “Noonlight”, uma peça
magnífica nunca gravada anteriormente, e ela captura a essência de seu marido. As
peças de Joni Mitchell em colaboração com Mingus obtêm menos sucesso, com
sentimento brincalhão, especialmente a prolixa “Dry Cleaner From Des Moines”.
Elvis Costello contribui com duas letras, mas linhas como “It’s hard to wake up with your silly, cracked crown” (“Invisible
Lady”) desprende-se da intelectualidade do trabalho. Quando a banda engrena, tudo
é perdoado.
Faixas: Consider Me; Dizzy Profile; Weird Nightmare;
Portrait; Goodbye Porkpie Hat; Sweet Sucker Dance; Invisible Lady; Duke
Ellington's Sound of Love; Dry Cleaner From Des Moines; Noonlight; Chair in the
Sky; Eclipse; Jelly Roll.
Músicos: Frank Lacy: voz; Jack Walrath, Alex Norris, Lew
Soloff: trompete; Conrad Herwig, Coleman Hughes, Earl McIntyre: trombone; Alex
Foster: sax alto, sax soprano, flauta, clarinete; Craig Handy, Wayne Escoffery,
Abraham Burton, Brandon Wright: sax tenor; Ronnie Cuber: sax barítono; David
Kikoski: piano; Helen Sung: piano; Boris Kozlov: contrabaixo; Mike Richmond:
contrabaixo; Donald Edwards: bateria.
Fonte: Mike Shanley (JazzTimes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário