
Sugerir que a voz de Willie Nelson envelheceu é como dizer que
uma sequoia parece, de algum modo, nodosa. Certo que a marca registrada do som
de Nelson cresceu mais quando ele envelheceu, um pouco mais crestado. Porém,
coloque esta última coletânea de
standards
junto ao seu marcante “Stardust”, de 1978, e será muitíssimo difícil
detectar o hiato de aproximadamente quatro décadas. Aquela cadência trotante,
suave como córrego do interior, com uma narrativa aconchegante como um
confortável edredom, que permanece tão cativante quanto antes. Não é o
incomparável estilo vocal de Nelson o único elo de união entre os discos. Sua
irmã e antiga companheira de banda, a tecladista Bobbie, estabelece a ponte
entre os dois (aqui intercambiando com Matt Rollings), como faz o ás da gaita Mickey
Raphael. O baterista Jay Bellerose, os baixistas David Piltch e Kevin Smith e o
guitarrista Dean Parks complementam a banda. E, claro, Nelson ainda está
verdadeiramente apaixonado com o que faz.
Entre a dúzia de joias buriladas que preencheram “Stardust”,
Nelson apresentou apenas uma canção de Gershwin, “Someone to Watch Over Me”. Uma
concisa réplica é incluída aqui, capturando o mesmo doce anseio. Realmente,
embora ele inclua números animados como “They All Laughed”, “I Got Rhythm” e
“Somebody Loves Me”, todas as 11 faixas de Gershwin parecem imersas na
sabedoria de Nelson, cartas de um coração bem escolado no amor e perdas (Nunca “It
Ain’t Necessarily So” ressoou completamente assim pungente, nem a faixa título
foi exposta assim tão triste). Dois convidados adicionam toques singulares:
Cyndi Lauper, que sintoniza uma divertida petulância em “Let’s Call the Whole
Thing Off” e Sheryl Crow, que modela um encantador amálgama de Doris Day e
Patsy Cline na terna “Embraceable You”.
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
Fonte: Christopher Loudon (JazzTimes)
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