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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

TIGRAN HAMASYAN /ARVE HENRIKSEN /EIVIND AASERT/JAN BANG - ATMOSPHÈRES (ECM Records)



Em nosso bravo novo mundo digital, nem sempre é possível contar quem está com o que. No verso da capa deste CD duplo, os instrumentos atribuídos ao quarteto são piano (Hamasyan), trompete (Henriksen), guitarra (Aarset) e “live sampling, samples” (Bang). Mas fotos no folheto sugerem que Henriksen e Aarset estão, também, manipulando a eletrônica. O piano de Hamasyan é usualmente claro, mas é o trompete de Henriksen que soa como um instrumento de palheta ou uma voz humana? Está a guitarra de fazendo estes zumbidos?

Você, realmente, não necessita saber. “Atmosphères” é uma paisagem sonhadora de 89 minutos. Nuvens de sons envolvem e lentamente flutuam. O que importa é a embalagem completa, não as partes.

A gênese deste projeto foi uma performance em duo com Hamasyan e Bang no festival Punkt na Noruega em 2013. Para a gravação, Henriksen e Aarset foram adicionados. Das 15 faixas, 10 (“Traces I – X”) são improvisações em grupo. O restante são peças do sacerdote e compositor armênio Komitas (1869-1935). As notas para a imprensa descrevem adequadamente os temas de Komitas como “ilhas em fluência”. Eles são completamente encantadores. Quando eles aparecem, todas as coisas param para suas solenes cerimônias. Quando a música se move, ela contém as marcantes melodias de Komitas.

Há um fascínio nesta estranha e tranquila música. As decisões improvisadas nunca soam fortuitas, mas como respostas da banda em mutantes fluxos de emoção. A maioria dos momentos admiráveis vem de Henriksen, um trompete com espírito livre cujas linhas (sujeito ao processamento eletrônico) frequentemente mudam para um lirismo vívido (como em “Traces IX”). O papel de Hamasyané é extrair brilhantes fileiras de notas simples através destas profundas texturas sonoras. Elas são marcantemente minimalistas, insinuações de formas. O papel de Aarset é sublimado. Ele está mergulhado na mistura.

Quando o desdobramento passa para o fervor, como em “Traces VII”, é repetitivo e frenético e momentaneamente breca o feitiço. Para o ouvinte, as mais importantes exigências desta música são requerimentos perseverantes e uma mente aberta. Para os músicos, abnegação e fé deve ser requerida por um criativo empreendimento tão popular. “Atmosphères” é um admirável, experimento honesto, mas seria mais viável se fosse metade mais longo.

Faixas: (Disco 1) Traces I; Tsirani Tsar; Traces II; Traces III; Traces IV; Traces V/Garun A; Traces VI; Garun A. (Disco 2) Traces VII; Traces VIII; Shushiki; Hoy Nazan; Traces IX; Traces X; Angel Of Girona/Qeler Tsoler.

Músicos: Tigran Hamasyan: piano; Arve Henriksen: trompete; Eivind Aarset: guitarra; Jan Bang: live sampling, samples.

Fonte: Thomas Conrad (JazzTimes)

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