
Considere, por exemplo, o contraste entre “Primavera” de
2014, seu lançamento anterior com Matos, a primeira sessão deles em duo, e “All
the Dreams”. Onde o modelo estava corajosamente extravagante, frequentemente
vigoroso e ocasionalmente ameaçado, o seguimento é próximo do uniformemente
tranquilo. Se estas 14 faixas compreendem todos os sonhos deles, o par é
abençoadamente livre de pesadelo. Dez composições de Matos, e quatro são de Serpa.
Entre as músicas selecionadas apresentam palavras atuais, quatro recuperam
trabalhos por escritores estimados, todos falecidos: os poetas William Blake,
Luis Amaro e Álvaro de Campos e a ucraniana, e criada no Brasil, a novelista Clarice
Lispector.
Da abertura “Calma”, suavemente impulsionada pelo convidado
especial Pete Rende no sintetizador, para a etérea, a penúltima “Postlude”, com
a atmosfera permanecendo delicada e suavizante, com apenas refinamento,
infrequentes alusões de discordância, melancolia ou urgência. Só na breve faixa
de enceramento “amlaC” (“Calma” de traz para a frente) está lá um senso mais forte
de dissonância, literal e tonalmente, de todas as precedentes composturas.
Faixas: Calma; A La Montagne; Estado De Graca; Story Of A
Horse; Programa; Agua; Nada; Night; Hino; Lisboa; Espelho; Os Outros; Postlude;
amlaC.
Músicos: Sara Serpa: vocal, piano (5, 9, 10), Fender Rhodes
(4, 7); André Matos: guitarra, baixo elétrico (1, 3, 4, 6, 8, 10-12); percussão
(11); Pete Rende: sintetizador (1, 4, 14); bateria e percussão (1, 3, 6, 10).
Para conhecer um pouco deste trabalho, assistam ao vídeo
abaixo:
Fonte: Christopher Loudon (JazzTimes)
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