Seria algo incompleto dizer que a música do pianista Dom
Salvador serviu como uma influência formativa para o baterista Duduka Da
Fonseca. Como um músico adolescente, Da Fonseca absorveu cada frase e nuance
que o baterista Edison Machado desenvolveu no álbum imortal “Rio 65 Trio
(Philips, 1965) ” de Salvador. Esta gravação, e este trio, viria servir como um
livro elementar para o surgimento de Da Fonseca, instruindo-o no samba jazz e o
assentaram para o futuro, onde ele desenvolveu um daqueles grandes estilos
híbridos moventes e agitados.
Quinze anos após a emergência deste álbum clássico, e
aproximadamente cinco mil milhas adiante em Nova York, uma conexão entre estas
duas figuras foram finalmente forjadas e favorecidas. Em 1980, Salvador chegou
a Da Fonseca para atuar em sua banda. Quando eles se juntaram, o pianista ficou
maravilhado em ouvir o baterista em sua nova música. Tendo dispendido bastante
tempo tocando os seus clássicos, emulando Machado, e internalizando cada coisa
ao nível próximo ao celular, Da Fonseca poderia tecnicamente clamar que esteve
trabalhando com Salvador por inteira vida musical, e a exibiu. Este instante de
união conduziu a uma duradoura relação musical, que culminou com a assunção de Da
Fonseca do lugar do falecido Edison Machado em um concerto no Carnegie Hall em
2015, celebrando o quinquagésimo aniversário do Rio 65 Trio. Agora, com seu próprio trio brilhante para tocar, Da
Fonseca tira seu chapéu para seu ídolo, amigo e companheiro de banda com sua
viagem através do seu catálogo.
Esta música é uma adaptação para Da Fonseca, e isto é óbvio
de primeira."Farjuto" encontra Da Fonseca abrindo as coisas com uma
livre rédea em um solo de bateria servindo como introdução para animada jornada
com algumas cativantes e surpreendentes contorções rítmicas. Seu veículo e performance
é indicativa da sofisticada, ainda que acessível, obra de Salvador e , por
extensão, da música de Da Fonseca. O imediato seguimento — uma ondulante
"Transition" com cadenciada instrução básica do líder e o fundamento
do baixo de Guto Wirrti ancorando a música, tem uma simplicidade e , não menos
arrebatadora, qualidade construídas na
estrutura ondulante. O emparelhamento das faixas marca Salvador como um homem
de muitas e variadas inclinações. Também retrata Da Fonseca como um intérprete
por excelência.
Como as remanescentes nove faixas vêm e vão, Da Fonseca e
companhia descobrem e destacam o espectro estilístico regional inteiro da obra
de Salvador. A baladeira "Maria", homenageando a esposa de Salvador, apresenta
um modelo fascinante de beleza e emoção; "Samba Do Malandrinho" deslumbra
e encanta com sua efervescência, dando ao pianista David Feldman a chance de
brilhar; "Tematrio" serve como completo cruzamento onde o blues,
boogaloo e a alegria brasileira se encontram e "Gafieira" dá uma
olhadela, firmemente coreografada, na essência que faz a música de Salvador
ilusoriamente difícil de interpretar. Adicione-se que "Para Ellis",
que convida o cello de Jaques Morelenbaum para o quadro, homenageia a cantora Elis
Regina e uma fluente "Valsa De Esquina" , e você terá um retrato mais
completo da importância de Salvador para Da Fonseca e como ele a executa com
correção a música. Isto é verdadeiramente uma estória de dois mestres brasileiros,
e uma página que vira.
Faixas: Farjuto; Transition; Maria; Antes Da Chuva; Samba Do
Malandrinho; Tematrio; Gafieira; Para Elis; Valsa De Esquina; Clauditi; Meu
Fraco E Café Forte.
Músicos: Duduka Da Fonseca: bateria; David Feldman: piano;
Guto Wirrti: baixo; Jacques Morelenbaum: cello (8).
Fonte: Dan Bilawsky (AllAboutJazz)
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