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domingo, 17 de junho de 2018

DUDUKA DA FONSECA TRIO – PLAYS DOM SALVADOR (Sunnyside Records)


Seria algo incompleto dizer que a música do pianista Dom Salvador serviu como uma influência formativa para o baterista Duduka Da Fonseca. Como um músico adolescente, Da Fonseca absorveu cada frase e nuance que o baterista Edison Machado desenvolveu no álbum imortal “Rio 65 Trio (Philips, 1965) ” de Salvador. Esta gravação, e este trio, viria servir como um livro elementar para o surgimento de Da Fonseca, instruindo-o no samba jazz e o assentaram para o futuro, onde ele desenvolveu um daqueles grandes estilos híbridos moventes e agitados.

Quinze anos após a emergência deste álbum clássico, e aproximadamente cinco mil milhas adiante em Nova York, uma conexão entre estas duas figuras foram finalmente forjadas e favorecidas. Em 1980, Salvador chegou a Da Fonseca para atuar em sua banda. Quando eles se juntaram, o pianista ficou maravilhado em ouvir o baterista em sua nova música. Tendo dispendido bastante tempo tocando os seus clássicos, emulando Machado, e internalizando cada coisa ao nível próximo ao celular, Da Fonseca poderia tecnicamente clamar que esteve trabalhando com Salvador por inteira vida musical, e a exibiu. Este instante de união conduziu a uma duradoura relação musical, que culminou com a assunção de Da Fonseca do lugar do falecido Edison Machado em um concerto no Carnegie Hall em 2015, celebrando o quinquagésimo aniversário do Rio 65 Trio. Agora, com seu próprio trio brilhante para tocar, Da Fonseca tira seu chapéu para seu ídolo, amigo e companheiro de banda com sua viagem através do seu catálogo.

Esta música é uma adaptação para Da Fonseca, e isto é óbvio de primeira."Farjuto" encontra Da Fonseca abrindo as coisas com uma livre rédea em um solo de bateria servindo como introdução para animada jornada com algumas cativantes e surpreendentes contorções rítmicas. Seu veículo e performance é indicativa da sofisticada, ainda que acessível, obra de Salvador e , por extensão, da música de Da Fonseca. O imediato seguimento — uma ondulante "Transition" com cadenciada instrução básica do líder e o fundamento do baixo de Guto Wirrti ancorando a música, tem uma simplicidade e , não menos arrebatadora,  qualidade construídas na estrutura ondulante. O emparelhamento das faixas marca Salvador como um homem de muitas e variadas inclinações. Também retrata Da Fonseca como um intérprete por excelência.

Como as remanescentes nove faixas vêm e vão, Da Fonseca e companhia descobrem e destacam o espectro estilístico regional inteiro da obra de Salvador. A baladeira "Maria", homenageando a esposa de Salvador, apresenta um modelo fascinante de beleza e emoção; "Samba Do Malandrinho" deslumbra e encanta com sua efervescência, dando ao pianista David Feldman a chance de brilhar; "Tematrio" serve como completo cruzamento onde o blues, boogaloo e a alegria brasileira se encontram e "Gafieira" dá uma olhadela, firmemente coreografada, na essência que faz a música de Salvador ilusoriamente difícil de interpretar. Adicione-se que "Para Ellis", que convida o cello de Jaques Morelenbaum para o quadro, homenageia a cantora Elis Regina e uma fluente "Valsa De Esquina" , e você terá um retrato mais completo da importância de Salvador para Da Fonseca e como ele a executa com correção a música. Isto é verdadeiramente uma estória de dois mestres brasileiros, e uma página que vira.

Faixas: Farjuto; Transition; Maria; Antes Da Chuva; Samba Do Malandrinho; Tematrio; Gafieira; Para Elis; Valsa De Esquina; Clauditi; Meu Fraco E Café Forte.

Músicos: Duduka Da Fonseca: bateria; David Feldman: piano; Guto Wirrti: baixo; Jacques Morelenbaum: cello (8).

Fonte: Dan Bilawsky (AllAboutJazz)

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