Miles Okazaki não tem um som de guitarra instantaneamente
reconhecível, tal como o de Mary Halvorson, e embora ele tenha forte ligação
com Steve Coleman, tendo tocado em sua banda, ele não é um emissário de um
movimento, como Liberty Ellman à la Henry Threadgill. Porém, como nativo de Washington
demonstra em “Trickster”, seu maravilhoso e infalivelmente agradável novo
álbum, ele é um poderoso individualista. Sua assinatura está fresca de ideias e
o natural bem-estar com a qual ele e um quarteto estrepitoso avançam.
Acompanhado pelo brilhante, o sempre presente pianista Craig
Taborn (soando mais livre que ele às vezes faz em seus próprios projetos aclamados)
e dois regulares companheiros de Coleman, o baixista Anthony Tidd e o baterista
Sean Rickman, Okazaki apresenta um conjunto de composições inéditas, que fazem
um jogo musical. Inspirado, na maioria dos casos em ligações com o folclore—Africano,
Americano Nativo, Asiático, Egípcio—as canções empregam contagiantes esquemas
rítmicos , às vezes do modo reminiscente do irresistível trabalho do trio de
Vijay Iyer.
“Box in a Box” vem de múltiplas direções, com o escorregadio
Okazaki, linhas insistentes navegam revestindo de ângulos entalhados. Os toques
crescem juntos em torno de uma batida funk, antes dando o caminho para o
manifesto blues de Taborn. “Mischief”, que inicia em um modo comovente, toma um
sentimento furtivo brasileiro. “The Calendar”, aos 9:16 a mais longa faixa, é
um excitante experimento harmônico que se desdobra lentamente, como em transe,
com uma intensidade incremental. Okazaki é o mais reflexivo aqui, construindo
como uma corrente de arrebatadora ascendência de notas com repetitivas notas de
três frases, sobre o ondulante baixo. Com sua mistura de ideias complicadas e
um sentimento profundo, “Trickster” soa como uma real ruptura.
Faixas: Kudzu; Mischief Maker; Box in a Box; Eating Earth;
Black Bolt; The West; The Calendar; Caduceus; Borderland.
Músicos: Miles Okazaki: guitarra; Craig Taborn: piano; Anthony
Tidd: baixo; Sean Rickman: bateria.
Fonte: Lloyd Sachs (JazzTimes)
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