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domingo, 5 de agosto de 2018

PAT MARTINO – FORMIDABLE (HighNote Records)


O título "Formidable" e a foto admirável na capa de Pat Martino de perfil em frente à estátua de um leão, sugere que o guitarrista está indo para desatreladas e impressionantes ações. Entretanto, o próprio significado de formidable (formidável) neste contexto é mais para ser tomado como a presença do mestre. Aqui e agora, ao final da carreira, o leão está contente. Ele apresenta sua supremacia em um trabalho em grupo. Ele lidera os músicos em uma festividade móvel, que recapitula seu trabalho do passado, enquanto adiciona um toque contemporâneo.

O álbum inclui joias da lendária carreira de Martino, melhor descrita em sua autobiografia, “' Here and Now (Backbeat Books, 2011)”, coescrita com Bill Milkowski. A carreira inclui seus dias iniciais no Harlem e com o quinteto de Willis "Gator" Jackson, onde ele provou a si mesmo, que era um fenômeno na guitarra; seu início de maturidade durante a era psicodélica; seu retorno milagroso à completa forma após uma devastadora malformação artério-venosa em seu cérebro e consequente cirurgia, da qual ele  retornou e aprendeu a tendência  do século e o toque pós-Coltrane, atuando com diversos indivíduos e grupos e durante os últimos anos, arrumando seu trio de órgão com Pat Bianchi no órgão e Carmen Intorre, Jr. na bateria, excursionando extensivamente e adicionando Alex Norris, Jr. no trompete e Adam Niewood no saxofone tenor para formar a finamente afiada banda do presente álbum.Esta gravação é, consequentemente, um olhar para trás, utilizando algumas icônicas composições de Martino, músicas reconhecidas de Joey Calderazzi , Hank Mobley e Gerry Niewood, e standards de Charles Mingus, Dave Brubeck e Duke Ellington.

O toque de Martino é, como sempre, impecável e, às vezes, estonteante, mas, aqui, ele se coloca diretamente no contexto do seu quinteto, com "oportunidade igual" para as performances dos sopros e órgão. O resultado é um trabalho excepcional da banda inteira, esporeada pela segurança do guitarrista, arranjos belamente estruturados, e o articulado e adaptável toque da bateria de Intorre. O volume da guitarra de Martino é atenuado e suavizado levemente, enfatizando a simplicidade e o lirismo sobre o valor do impacto. O álbum, deste modo, providencia um especial vislumbre do que Martino pode fazer para modelar uma banda. Ele desenvolveu genuína harmonia com seus músicos. Martino brilha não como a força dominante, mas pela virtude da máxima de Mahatma Ghandi : "Eu devo segui-los, para que eu os lidere".

A primeira canção é "El Nino" de Calderazzi, que é uma favorita do saxofonista Michael Brecker. Saxofone, trompete e guitarra exprimem uma elegante melodia em uníssono, e então, graças ao impecável órgão complementar de Bianchi, o distinto sentimento emerge da soul music do quinteto de Willis Jackson, que apresentou Martino e o organista Carl Wilson nos anos 1960. Aquele grupo, que nasceu com Martino, será reunido na maioria das faixas subsequentes. 

"Hipsippy Blues" de Mobley providencia um perfeito veículo para o soul blues para continuar e laborar um tributo para Willis Jackson. O saxofone de Niewood é puro soul blues, mas o solo de trompete de Norris que precede, tem um moderno sentimento modal. Esta interação entre o toque blues e post-bop continua ao longo do álbum. Ecos do órgão de Bianchi, ecoa Wilson no disco “Willis Jackson with Pat Martino (Prestige, 1964)”.

"Homage" ao pai do músico Niewood , Gerry Niewood, consiste na passagem de uma terça menor para uma tônica nas duas notas da canção, permitindo rica improvisação. Assim Martino mantem-se solto e criativo em seu solo, Norris e Bianchi realiza solos virtuosos, e nós ouvimos Bianchi alegre, expressando-se ativamente em registro alto.

Em adição a outros trabalhos seus, Martino é verdadeiramente um dos maiores intérpretes de baladas. Aqui, ele interpreta "Duke Ellington's Sound of Love” de Charles Mingus, atentamente, e o volume é calmante. Todas as linhas da improvisação de Martino para esta faixa são memoráveis.

O clássico de Martino, "El Hombre", é da sua gravação de estreia como líder, o álbum de 1967, pela Prestige, com o mesmo nome. Nesta interpretação, que é tão moderna quanto em qualquer momento, e Martino apresenta um dos seus icônicos e estonteantes solos. Em contraste, o standard de Brubeck, "In Your Own Sweet Way", é feito estritamente dentro da tradição sem a ênfase da alma do blues. Suinga levemente como Brubeck intencionava.

"Nightwings" (Martino) do álbum de Martino para a Muse em 1996, com o mesmo nome, é eternamente simbólico do retorno dele após sua recuperação do aneurisma. O solo de Niewood é uma expedição especialmente inventiva.

Em "In a Sentimental Mood" de Ellington, Martino tortura você suavemente com esta canção. É o bastante para dizer.

A faixa de conclusão, "On the Stairs", é outra clássica de Martino, desta vez do seu álbum, “Consciousness (Muse, 1975)”. O solo de Martino daquela gravação tem sido transcrito repetidamente para estudo, e não é de admirar. Martino estava fazendo um grande trabalho inovador nesta época. Esta é a pura “assinatura” de Martino. A música e seu toque parecem espalhar-se por carreira inteira em técnica, estilo e textura, e a influência do seu heroi, Wes Montgomery.

Para sumarizar, este álbum é leonino, não apenas como uma ataque frontal quanto um trabalho de um artista consagrado como Martino e seu grupo. Ele recapitula o que foi feito antes, mas com um senso de novo alvorecer. "O sol também se levanta, e depois se põe, e há dezenas de locais onde ele surge"

Faixas: El Nino (J. Calderazzi); Hipsippy Blues (H. Mobley); Homage (G. Niewood); Duke Ellington’s Sound of Love (Mingus); El Hombre (Martino); In Your Own Sweet Way (Brubeck); Nightwings (Martino); In a Sentimental Mood (Ellington); On the Stairs (Martino).

Músicos: Pat Martino: guitarra; Pat Bianchi: órgão; Carmen Intorre, Jr.: bateria; Adam Niewood: saxofone tenor (faixas 1,2,3,5,7,9); Alex Norris: trompete (faixas 1,3,5,7,9; flugelhorn, faixa 2).

Fonte: Victor L. Schermer (AllAboutJazz)

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