Após quarenta anos trabalhando ao redor do mundo com o “quem é quem” dos instrumentistas do jazz
e vocalistas, o celebrado pianista/compositor brasileiro, Antônio Adolfo,
realizou um longo sonho de escrever e gravar com uma orquestra de classe
mundial e marcante como a Orquestra
Atlantica do país natal de Adolfo, formada em 2012, e modelada desde então
com uma banda superior plenamente capaz de levar cada pedido e desejo seu.
Em “Encontros”, a Orquestra habilmente interpreta nove
composições radiantes de Adolfo e um standard
do jazz, "Milestones" de Miles Davis, habilmente arranjado pelo
trompetista da Atlantica, Jessé Sadoc (sete faixas) e pelo saxofonista Marcelo Martins
(três). Como alguém esperaria, a música ofertada é expressivamente brasileira
em entonação e tempero, que coloca uma enorme marca de exclamação no lado
cativante do trabalho. No ponto alto, temas de Adolfo —variando do samba, ao frevo
e da capoeira à valsa, balada e afro-brasileiro—são invariavelmente encantadoras
e charmosas. Impressionante como cada uma é, Adolfo deixa o melhor para o fim: um
arranjo para orquestra do seu grande sucesso, "Sá Marina", composto
em 1967 e lançado globalmente como "Pretty World" com letra de Alan e
Marilyn Bergman. A nova versão expressa solos vistosos por parte de Adolfo e do
saxofonista Martins, encrespa os intercâmbios entre o barítono de Levi Chaves e
o trombonista Aldivas Ayres, e mais trabalho exemplar da clara gravação da
banda.
A abertura, "Partido Samba-Funk", é explicitamente
desenhada para ser dançante, bem como audível. O ágil piano de Adolfo é a
frente e o centro, ao lado do alto de Danilo Sinna e do trompetista Sadoc. A
orquestra está no topo do seu jogo, como em "Atlantica", uma balada
em tempo médio com o nome da banda e apresentando Martins e o guitarrista Leo
Amuedo, e "Luizão", um samba animado que saúda o falecido baixista Luizão
Maia. O vigoroso solo do trombonista de válvula, Serginho Trombone (sim, este é
realmente seu nome). O bop encontra o frevo na impulsiva "Milestones",
na qual o trabalho seguro da banda e os solos brilhantes dos instrumentos de
sopro envolvem os solos de Adolfo e do acordeonista Marcos Nimrichter.
O humor turva em "Saudade", cujos ritmos fluidos
sublinham afirmações mais intensas de Adolfo ao piano e do flugelhorn de Sadoc,
clareia outra vez em "Capoeira Ya", que destaca uma invulgar dança
brasileira, que é combinada com arte marcial tão bem quanto com o ás da
guitarra, Nelson Faria. Adolfo atua com o alto de Sinna para incrementar
"Africa Bahia Brazil", que celebra as influências da cultura africana
e precede a suave "Delicada Jazz Waltz", cujos solos líricos são destramente
desenhados por Adolfo e Nimrichter. "Sá Marina" baixa a cortina de um
álbum brilhantemente consistente e prazeroso, que passou longo tempo para chegar,
mas que valeu a pena a espera.
Faixas: Partido Samba-Funk; Pentatonica; Atlantica; Luizão;
Milestones; Saudade; Capoeira Yá; Africa Bahia Brasil; Delicada jazz Waltz; Sá
Marina.
Músicos: Antonio Adolfo: piano; Nelson Faria, Claudio Jorge,
Leo Amuedo: guitarras; Jorge Helder: baixo; Rafael Barata: bateria; Dada Costa:
percussão; Danilo Sinna: saxofone alto e flauta; Marcelo Martins: saxofone
tenor e flauta; Marcos Nimrichter: acordeón; Ze Renato: vocal.
Fonte: Jack Bowers (AllAboutJazz)
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