Desde que José James emergiu na cena, ele descobriu uma
frágil aliança com o jazz. Para cada tributo que ele faria a Billie Holiday ou
John Coltrane, ele iria para maiores extensões ao declarar que ele não quer ser
visto como um cantor de jazz. Por certo, ele estabeleceu laços para a cultura
do DJ, começando com sua excelente estreia, “The Dreamer”, e atuando com o
empresário britânico, Gilles Peterson.
Sua postura “nem peixe nem pássaro” não tem sempre tomado
vantagem. Em alguns dos seus últimos álbuns, muito dos originais gêneros
desafiadores são carentes de qualidade melódica, viscosamente associados com o pop,
r&b, hip-hop ou jazz. Principalmente, por causa da tentativa de composição.
Às vezes, embora, a melhor maneira de vir a ser um melhor compositor esteja
concentrado em algum repertório indelével.
Isto é o que ele fez com “Lean On Me”, uma soberba
exploração da discografia de Bill Withers. Com a ajuda de poucos contemporâneos
do jazz, James não se extravia dos arranjos soul ásperos de Withers. De fato, o
disco é mais um caso de estudo da capacidade artística de Withers em forma de
tributo. Porém, o que “Lean On Me” tem de carência é a ingenuidade interpretativa,
James compensa-a com a convicção. Ele soa verdadeiramente comprometido, ao
longo do trabalho, usando o material, com seu barítono, áspero como whiskey, que
transporta o arco-íris de emoções, que distingue a música de Withers. James primorosamente
articula o vigor da lenta fervura em “Who Is He”, o remorso insondável em “Hope
She’ll Be Happier” e o alegre otimismo em “Lovely Day” com equilibrada firmeza,
fazendo “Lean On Me” seu mais seguro trabalho desde “The Dreamer”.
Faixas: Ain’t No Sunshine; Grandma’s Hands; Lovely Day; Lean
On Me; Kissing My Love; Use Me; Who Is He; Hello Like Before; Just The Two Of
Us; Hope She’ll Be Happier; The Same Love That Made Me Laugh, Better Off Dead.
(54:27)
mÚSICOS: José James, vocal; Pino Palladino, baixo; Kris
Bowers, teclados; Nate Smith, bateria; Brad Allen Williams, guitarra; Lalah
Hathaway, vocal (3); Dave McMurray, flauta (5); Marcus Strickland, saxofone tenor
(9); Takuya Kuroda, trompete (6).
Fonte: John Murph (DownBeat)
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