
Sua postura “nem peixe nem pássaro” não tem sempre tomado
vantagem. Em alguns dos seus últimos álbuns, muito dos originais gêneros
desafiadores são carentes de qualidade melódica, viscosamente associados com o pop,
r&b, hip-hop ou jazz. Principalmente, por causa da tentativa de composição.
Às vezes, embora, a melhor maneira de vir a ser um melhor compositor esteja
concentrado em algum repertório indelével.
Isto é o que ele fez com “Lean On Me”, uma soberba
exploração da discografia de Bill Withers. Com a ajuda de poucos contemporâneos
do jazz, James não se extravia dos arranjos soul ásperos de Withers. De fato, o
disco é mais um caso de estudo da capacidade artística de Withers em forma de
tributo. Porém, o que “Lean On Me” tem de carência é a ingenuidade interpretativa,
James compensa-a com a convicção. Ele soa verdadeiramente comprometido, ao
longo do trabalho, usando o material, com seu barítono, áspero como whiskey, que
transporta o arco-íris de emoções, que distingue a música de Withers. James primorosamente
articula o vigor da lenta fervura em “Who Is He”, o remorso insondável em “Hope
She’ll Be Happier” e o alegre otimismo em “Lovely Day” com equilibrada firmeza,
fazendo “Lean On Me” seu mais seguro trabalho desde “The Dreamer”.
Faixas: Ain’t No Sunshine; Grandma’s Hands; Lovely Day; Lean
On Me; Kissing My Love; Use Me; Who Is He; Hello Like Before; Just The Two Of
Us; Hope She’ll Be Happier; The Same Love That Made Me Laugh, Better Off Dead.
(54:27)
mÚSICOS: José James, vocal; Pino Palladino, baixo; Kris
Bowers, teclados; Nate Smith, bateria; Brad Allen Williams, guitarra; Lalah
Hathaway, vocal (3); Dave McMurray, flauta (5); Marcus Strickland, saxofone tenor
(9); Takuya Kuroda, trompete (6).
Fonte: John Murph (DownBeat)
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