Se o criador tem uma visão, a persistência no trabalho para
trazer-lhe vida é uma exigência. Esta é a verdade da vida, para visões grandes
ou pequenas, e não apenas para artistas.
Pianista, compositor e líder de orquestra, Guillermo Klein de
forma mais definitiva chega lá. Seu grupo, Los Guachos (literalmente, Os
Bastardos) existe há cerca de vinte anos. Começando em 1990 em Boston na Berklee College of Music, onde ele
encontrou alguns dos músicos, e continuando em Nova York em 1993, onde Klein
formou uma orquestra que tocou regularmente no Smalls e posteriormente no The
Jazz Standard. Um subconjunto daquele grupo veia a ser Los Guachos (não gaúchos), que gravou um álbum pela Candid, que nunca foi lançado. Subsequentemente,
Klein passou para a Sunnyside e
lançou “Los Guachos II (1999) ”, “Los Guachos III (2002) ”, “Live In Barcelona
(Fresh Sound New Talent, 2005) ”, “Filtros (2008) ” e “Carrera”.
Deste modo, o álbum às mãos, Los Guachos V é o quinto pela Sunnyside. O pessoal do grupo permaneceu
estável todos estes anos, é um tributo para Klein e sua música—ele compôs para
eles e eles querem tocar para ele, muito como a relação entre Maria Schneider e
os músicos de sua orquestra. Alguns dos membros da banda terão o nome
reconhecido: o guitarrista Ben Monder, os saxofonistas Bill McHenry, Chris
Cheek e Miguel Zenón e o baterista Jeff Ballard.
Klein tem sempre misturado os elementos de jazz, música folk da sua Argentina, rock e música moderna clássica para
produzir um estilo reconhecível. Ele está sempre procurando por novos
significados de expressão, embora mantendo um balanço entre o corpo e a mente. A
tensão entre a composição/arranjo para o grupo e a liberdade improvisadora
individual pode ser realmente ser ouvida e sentida, mas é trabalho para os
instrumentistas e ouvintes.
Com “Los Guachos V”, Klein coloca sua aventura musical em
mente para um nível à frente. A música destaca uma nova técnica que ele chama
de "simetrias" na qual a melodia e harmonia podem ser invertidas,
retrocedidas e espelhadas. Sim, J.S. Bach fez esta espécie de coisa, mas Klein foi
mais além. O resultado é música que é perturbadora, na qual tem insinuações de
familiaridade, enquanto soa estranha e exótica. Ela continuamente sente-se fora
da harmonia, mas nunca cai despencando sobre ela. As partes parecem lutar
contra cada uma entre si, ainda que ao final das contas fiquem juntas. O
baterista Jorge Rossy menciona nas notas para o disco como os movimentos são
percebidos, inicialmente, amplos e modelados, mas que o ouvido atento alcançará
uma quantidade de detalhes, que juntos comporão o som.
As canções, arranjadas em duas suítes, "Suite
Indiana" e "Suite Jazmin", mais duas outras, são inéditas de
Klein, exceto por "Donna Lee" (Miles Davis) e "Ashes"
(Andrew Hill). Desde então, alguém assume que tudo que Klein faz é
significativo, o fato que "Suite Indiana" contém uma uma canção nomeada
"Back Home Again", e que "Donna Lee" é baseada em mudanças
da música Ballard MacDonald e James F. Hanley, mas que não é atribuída, deve
significar alguma coisa, mas o que é, é difícil dizer.
Há duas "Symmetries" (I and II), dois "Si No
Sabes" (4/4 and 9/8) e dois "espelhos"—"Burrito Hill"
(de Carrera) e "Human Feel" (de Bienestan (Sunnyside, 2011)).
"Si No Sabes 9/8" e Jazmin" são mais imediatamente faixas "acessíveis"
nos quais os modelos mantêm uma configuração rítmica, embora a canção posterior
tenha fraseado e harmonia regular, embora sendo muito bonita.
Por outro lado, a música de Klein desafia sua profundidade,
complexidade e contínua surpresa dentro de uma estrutura que permite por
antecipação de (algo) esperado. A música de modo algum é enigmática. Ela suínga
um bocado, mas com muita frequência e ressonantes seções. O que vem claramente
através de músicos que desfrutam participar em Los Guachos, e sendo participantes ativos no contínuo
desenvolvimento de Klein.
“Los Guachos V” é música maravilhosa e fascinante com dentes
e coração, que revelarão muitas camadas sobre repetidas audições.
Faixas: Suite Indiana - Back Home Again; Donna Lee; Patria
Espiral; Suite Jazmin - Symmetry I; Si No Sabes 4/4; Si No Sabes 9/8; Burrito
Hill Mirror; Human Feel Mirror; Jazmin; Symmetry II; Ashes; Quemando Velas.
Músicos: Ben Monder: guitarra; Bill McHenry: saxofone tenor;
Chris Cheek: saxofones soprano, tenor e barítono; Diego Urcola: trompete,
trombone; Fernando Huergo: baixo elétrico; Guillermo Klein: piano; Jeff
Ballard: bateria; Miguel Zenon: saxofone alto; Richard Nant: percussão, trompete;
Sandro Tomasi: trombone; Taylor Haskins: trompete, flugelhorn.
Fonte: Budd Kopman (AllAboutJazz)
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