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terça-feira, 13 de novembro de 2018

SALIM WASHINGTON – DOGON REVISITED (Passin’ Thru)


A música do saxofonista e flautista Salim Washington, é caracterizada por um profundo passo tranquilo. Emoções nunca são forçadas. Em vez disto, elas são cultivadas dentro do ouvinte. “Self Love/Revolutionary Ontology”, por instante, inclui diversas passagens livres do tenor, alimentadas com furor excelentemente moderado—nenhuma estridência chocante ou grasnidos. A música eventualmente se estabelece dentro de um movimento com toque espanhol com uma tendência funk, seguida por um extenso grito agudo multifônico do saxofone, assim como o baixista Hill Greene mantem as fundações melódicas e dos acordes. Aqui, em outras partes, o baterista Tyshawn Sorey transcende o papel do mantenedor de tempo, adicionando tempero e textura do ímpeto franco de Greene, estimulando e instigando, respondendo com angulares e justapostas em ramificações. O tempo parece mudar, dissolve, remanifesta e muda a direção, ainda que nunca interrompa, para mover-se para a frente. 

“New Invasion of Africa”, na qual Melanie Dyer recita um rigoroso desmonte de Amiri Baraka sobre a política de Barack Obama para a Líbia (“Imperialismo pode ser olhado como qualquer coisa /Pode ser tranquilo e inteligente e mesmo ter/Uma bela esposa” em tradução livre), é animado pelo acompanhamento de mbira como sino por parte de Washington. “Uh Oh!” é, em sua maioria, tradicional, uma excursão suingante na qual o sax e bateria intercambiam figuras e acentos do bop. A música composta por Julius Hemphill, “Dogon A.D.” é firmemente estruturada, mas desafiante, temas que não soam de forma ocidental e pulsação com característica funk dentro do escopo da Diáspora, que informa virtualmente tudo sobre a música de Washington. Nestas duas faixas, o solo de viola de Dyer desatrela um extático, grito gutural, impecavelmente controlada, ainda que livre de constrangimento.

A postura africanista de Washington é inflexível, mesmo militante, mas é também dirigida pelo espírito do aforismo usualmente creditado a Che Guevara: “No risco de parecer ridículo, deixe dizer que a verdade revolucionária está guiada pelo grande sentimento de amor”.

Faixas

1 To Know Yaweh 4:38
2 New Invasion of Africa 1:33
3 Bitter Sweet 4:04
4 You Can Fly 8:55
5 Jamila 4:24
6 Self Love/Revolutionary Ontology 5:40
7 Uh Oh! 5:31
8 Dogon, AD 9:39
9 Four In One 4:10

Músicos: Salim Washington (saxofone tenor, Mbira,flauta, oboé); Hilliard Greene (baixo); Tyshawn Sorey (bateria); Melanie Dyer (faixas: 2, 7, 8) - viola, vocal.

Fonte: David Whiteis (JazzTimes)

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