
A flexibilidade de Valera deve, às vezes, ser sua
armadilha. Ele pensa em conceitos amplos, mas suas improvisações podem ser
prognosticadas. Frequentemente, ele repete processos similares do tema/elaboração
engenhosa/aceleração inflexível. O título do álbum resulta ambicioso. Afortunadamente
não é outra versão de jazz da The Four
Seasons (As Quatro Estações) de Vivaldi. É a meditação pessoal de Valera
nos paradigmas universais da fecundidade da primavera, paixão de verão, colheita
de outono e determinação do inverno. Ele sugere melodias de Vivaldi, mas
rapidamente subjuga-as com novos conteúdos e energia do jazz. Todos os quatro movimentos
da suíte dele contêm o ajuntamento de intensidade típica de Valera. Porém, cada
movimento mantém o retorno da sua estrutura. A combinação da formalidade
barroca e espontaneidade exuberante é interessante.
Diferente de muitos contemporâneos, Valera está comprometido
com a interpretação tanto quanto com a composição. “Tres Palabras”, de Osvaldo
Farrés, é tocada
relativamente direta e hipnoticamente, como só um bolero pode
ser. Valera é um pianista percussivo que é capaz de ser animado e literal. Ele toma
a excelente decisão de encerrar seu álbum com “Hallelujah”. Ele derrama um prólogo
em queda livre, cuidadosamente marca o maior e mais estranho encantamento do
amor perdido de Leonard Cohen. Valera captura a resignação bravia da tristeza
da canção. A melhor interpretação do piano jazzístico para “Hallelujah” é de
Danilo Rea, em seu álbum “Doctor 3”. A versão Valera está próxima de ser a
segunda.
Faixas: 1: Opening; 2: In the Eye of the Beholder; 3: Tres
Palabras; 4: Hopeful; 5: In My Life; The Seasons: Movement I: Spring; Movement
II: Summer; Movement III: Fall; Movement IV: Winter; 10: What Is This Thing
Called Love; 11: Hallelujah.
Músicos: Manuel Valera: piano; Hans Glawischnig: baixo
acústico; E.J.Strickland: bateria.
Fonte: Thomas Conrad (JazzTimes)
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