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segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

MANUEL VALERA TRIO – THE SEASONS (Mavo)


Manuel Valera não tem adquirido muita atenção como outros emigrantes cubanos, os pianistas Gonzalo Rubalcaba e David Virelles. Ele chega à cena dos Estados Unidos aos 23 anos, um craque, em 2004, com um flamejante álbum de estreia, “Forma Nueva”. “The Seasons” é a 13ª gravação como líder. Inéditas como “Opening” e “In the Eye of the Beholder” provam que ele é um campeão. Sua proficiência o capacita a executar desenhos ornamentais na velocidade empenada, enquanto gera ferocidade impulsiva rítmica. Seus colaboradores aqui, o baixista Hans Glawischnig e o baterista E. J. Strickland, são os maiores fatores impulsionadores.

A flexibilidade de Valera deve, às vezes, ser sua armadilha. Ele pensa em conceitos amplos, mas suas improvisações podem ser prognosticadas. Frequentemente, ele repete processos similares do tema/elaboração engenhosa/aceleração inflexível. O título do álbum resulta ambicioso. Afortunadamente não é outra versão de jazz da The Four Seasons (As Quatro Estações) de Vivaldi. É a meditação pessoal de Valera nos paradigmas universais da fecundidade da primavera, paixão de verão, colheita de outono e determinação do inverno. Ele sugere melodias de Vivaldi, mas rapidamente subjuga-as com novos conteúdos e energia do jazz. Todos os quatro movimentos da suíte dele contêm o ajuntamento de intensidade típica de Valera. Porém, cada movimento mantém o retorno da sua estrutura. A combinação da formalidade barroca e espontaneidade exuberante é interessante. 

Diferente de muitos contemporâneos, Valera está comprometido com a interpretação tanto quanto com a composição. “Tres Palabras”, de Osvaldo Farrés, é tocada
relativamente direta e hipnoticamente, como só um bolero pode ser. Valera é um pianista percussivo que é capaz de ser animado e literal. Ele toma a excelente decisão de encerrar seu álbum com “Hallelujah”. Ele derrama um prólogo em queda livre, cuidadosamente marca o maior e mais estranho encantamento do amor perdido de Leonard Cohen. Valera captura a resignação bravia da tristeza da canção. A melhor interpretação do piano jazzístico para “Hallelujah” é de Danilo Rea, em seu álbum “Doctor 3”. A versão Valera está próxima de ser a segunda.

Faixas: 1: Opening; 2: In the Eye of the Beholder; 3: Tres Palabras; 4: Hopeful; 5: In My Life; The Seasons: Movement I: Spring; Movement II: Summer; Movement III: Fall; Movement IV: Winter; 10: What Is This Thing Called Love; 11: Hallelujah.

Músicos: Manuel Valera: piano; Hans Glawischnig: baixo acústico; E.J.Strickland: bateria.

Fonte: Thomas Conrad (JazzTimes)

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