Esta resenha foi realizada em dias imediatamente seguintes à
notória conferência de imprensa do Presidente Donald Trump em 15 de Agosto, quando
ele determinou que houve “culpa em ambos os lados” para a violência em Charlottesville,
Virgínia. Esta distinção moral entre membros de grupos de ódio e estes
protestantes da aversão está perdida na agudeza da comunicação corrente do
nosso presidente na estória por trás deste álbum.
Vijay Iyer primeiro apresentou “Far From Over” como uma
suíte-em-progresso no Chicago Jazz
Festival em 2008. Foi no momento em que a eleição de Barack Obama era
eminente e a esperança prevaleceu. Porém, a suíte completa não foi gravada até Abril
de 2017, quatro meses dentro da presidência de Trump, quando a esperança tinha
sido riscada. Um projeto que iniciou com fé—em Chicago, Iyer disse que olhava
para a frente no trabalho de alcançar “justiça e igualdade” na América—foi
completada em um espírito de protesto. Iyer disse que há “resistência” e “rebeldia”
nesta música agora.
Iyer é um dos mais condecorados músicos do jazz. Sua
erudição técnica e simplicidade estão além de qualquer questão, mas ele não
está para qualquer um. Sua música, em sua precisão, execução rápida dentro da
complexidade, pode soar mais matemática e austera que lírica e pessoal. “Far
From Over” toca com seu vigor. Com instrumentistas da elite em torno dele, ele
pode focar em ferocidade criativa em multiforme energia (ele é um dos mais
ritmicamente centrados e premiados dos pianistas) e deixar os acompanhantes
providenciarem respostas apaixonadas para a forma e conteúdo de cada composição.
A banda é formada pelo saxofonista alto Steve Lehman, o saxofonista tenor Mark
Shim, o cornetista Graham Haynes, o baixista Stephan Crump e o baterista Tyshawn
Sorey. “Far From Over” é mais emocionalmente complicado, mais nuançado, que um
conceito de álbum de protesto. Há ansiedade nesta música, e compaixão.
Em “Poles”, a faixa de abertura, o piano reflexivo é
alcançado por sacudidas e reviradas da banda. A cria da aspereza de Shim age na
rebelião. Porém, Haynes, postergando passos atrás por uma visão mais longa. Com
muitos dos seus movimentos internos e contrapontos intensos, “Poles” reflete
tais valores como grupo unitário e seguro. Iyer tem história com todos estes
músicos, mas o sexteto soa moderno, rústico e impetuoso. Peças de Iyer
providenciam a infraestrutura intelectual, sobre a qual seus instrumentistas
expandem-se (para tomar emprestado uma frase de Trump) feéricos e furiosos. A
faixa título está carregando um hino, que provoca veemente permuta entre os
instrumentos de sopro e Iyer. Shim, misturando-se com outros, como em “Nope” e
“Into Action”, ou por ele mesmo, como em “Poles”, é uma razão maior para o
impacto visceral deste álbum. Seus solos são ataques violentos e combatentes. Eles
raspam como se os arrancassem deles. Eles oscilam no gume da faca dos temas
problemáticos. Sorey, uma voz uma única no jazz, cria intrigantes e espontâneas
composições dentro das formas de Iyer, e o faz na bateria.
É um álbum ajustado que frequentemente enfurece em “Threnody”,
que aprofunda a narrativa, às vezes em quietude. Iyer completa frequentemente
uma tentativa de melodia que ascende e pausa e examina outra vez. Lehman entra
como uma segunda linha de pensamento, talvez uma meditação que esteve perdida. Como
todas as coisas que Lehman toca, não são agrupadas por significados convencionais
em fragmentos e gestos que agregam suas próprias lógicas vívidas. Sua forma de
expressão intensifica e sustenta o choro. Então, os outros entram em “Threnody”,
que implode em caos, Iyer despejando dissonâncias. Porém, quando os
instrumentos de sopro precipitam Iyer, que também abranda e encerra o álbum com
um ciclo de notas suaves. Eles voltam porque eles não devem cair silentes até que
suas emoções não sejam uma tentativa mais extensa. A quietude insistente deles
mantém a possibilidade resistente de uma esperança no futuro.
Faixas: Poles; Far from Over; Nope; End of the Tunnel; Down
to the Wire; For Amiri Baraka; Into Action; Wake; Good on the Ground; Threnody.
Músicos: Vijay Iyer: piano, Fender Rhodes; Graham Haynes:
cornet, flugelhorn, eletrônica; Steve Lehman: saxofone alto; Mark Shim:
saxofone tenor; Stephan Crump: baixo; Tyshawn Sorey: bateria.
Fonte: Thomas Conrad (JazzTimes)
Nenhum comentário:
Postar um comentário